Portugal regista atualmente uma taxa de positividade de 5,7%, o equivalente a 400 novos casos por cada 100 mil testes realizados. Para que o indicador diminua será necessário, entre outras coisas, “testar bem acima dos atuais 60 a 65 mil testes diários”, defende o matemático Carlos Antunes.
Depois de em junho registar 700 casos positivos por cada mil testes realizados à covid-19, Portugal regista agora cerca de cinco mil novos casos — o equivalente a uma positividade 5,7%.
Este indicador, juntamente com uma incidência (na ordem dos 400 casos por 100 mil habitantes) e a ocupação das unidades de cuidados intensivos (a 74% do limiar crítico) têm levado os especialistas a alertar para a necessidade de aumentar a capacidade de contactos rastreados.
De acordo com o Jornal de Notícias, que cita dados do matemático Carlos Antunes, a positividade — percentagem de positivos entre as amostras testadas — cifra-se nos 5,7%, acima dos 4% indicados pelos peritos.
Esta positividade está em linha com as recomendações emitidas pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo das Doenças, expressas num relatório entregue ao Governo em março e que serviu de base à matriz de risco apresentada depois de Portugal ultrapassar a pior fase da pandemia.
O docente da Faculdade de Ciências de Lisboa afirma também que apesar do agravamento, Portugal está longe dos números da terceira vaga, registada em janeiro, quando a positividade esteve nos 20% — por cada 100 mil testes realizados, detetavam-se 20 mil casos positivos.
Como tal, o especialista defende que para o indicador baixar é necessário “testar bem acima dos atuais 60 a 65 mil testes diários”.
“Para se manter a positividade abaixo de 2%, teríamos de estar a realizar mais de 200 mil testes por dia”, afirma Carlos Antunes, que ressalva que o esforço implicaria recursos consideráveis numa altura em que o país se esforça por acelerar o tempo de vacinação para fazer frente à propagação da variante Delta.
A falta de recursos é particularmente visível na vigilância epidemiológica, já que apenas 63% dos casos identificados são rastreados e isolados nas primeiras 24 horas horas, longe dos 90% considerados ideais. A falta de rastreados é um problema antigo e para o qual os médicos de saúde pública e peritos alertam há pelo menos um ano.
“Com perto de 4 mil casos por dia, serão necessários perto de mil rastreadores epidemiológicos”, defende Carlos Antunes. Segundo o último relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, existem em Portugal 433 rastreadores a tempo inteiro, por dia, no período de 8 a 14 de julho.
Ao domingo, tiram folga. E o vírus também.