O segundo bloco da auditoria que a Deloitte conduziu ao BES indica que poderá ter havido “gestão ruinosa” na exposição do banco ao BES Angola (BESA), de acordo com o sumário executivo a que a agência Lusa teve acesso.
“Na ausência de um racional económico que legitimamente justifique o aumento de exposição do BES ao BESA”, este poderá “ser configurável como um potencial ato de gestão ruinosa”, indica o texto.
Tal gestão potencialmente ruinosa terá sido desenvolvida “em detrimento dos depositantes, investidores e demais credores por parte dos membros do conselho de administração do BES com o pelouro do BESA”, nota o bloco da auditoria forense que a Deloitte conduziu ao BES e às suas ligações com o BESA.
A auditoria nota ainda que se verificou a aprovação de várias operações de crédito do BESA junto do BES “por apenas um membro permanente (isto é, um administrador) do Conselho Diário e Financeiro de Crédito”, o que contraria o normativo geral sobre a matéria.
Várias potenciais insuficiências ao nível do sistema de controlo interno do BES são também referidas pela Deloitte naquele que é o segundo bloco enviado pelo regulador, que pediu a auditoria, à comissão parlamentar de inquérito que avalia o caso BES e GES.
A comissão de inquérito teve a primeira audição a 17 de novembro passado e tinha inicialmente um prazo total de 120 dias, até 19 de fevereiro, mas foi prolongado por mais 60 dias.
Os deputados ouviram na manhã desta terça-feira o presidente do BPI, Fernando Ulrich, e escutam esta tarde o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.
Os trabalhos dos parlamentares têm por objetivo “apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades”.
/Lusa
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