Descobertos átomos de ferro a “dançar” dentro do núcleo interno sólido da Terra

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O núcleo no centro da Terra

A pesquisa descobriu que os átomos se movimentam bastante mais do que se pensava e que o no núcleo da Terra é surpreendentemente maleável.

Num estudo revolucionário publicado na PNAS, os cientistas fizeram uma descoberta surpreendente acerca do núcleo interno da Terra, situado a aproximadamente 5100 quilómetros abaixo da superfície terrestre.

Contrariamente à crença popular de que o núcleo é uma massa sólida e rígida, a nova investigação sugere que é mais maleável do que se pensava anteriormente. O núcleo, composto principalmente por ferro, possui átomos que poderão ser capazes de mudar de posição, tornando-o surpreendentemente maleável.

A revelação surgiu de um esforço colaborativo liderado por Youjun Zhang, um físico da Universidade de Sichuan, na China. A equipa utilizou simulações computacionais avançadas e experiências de laboratório de alta pressão para simular as condições no núcleo interno da Terra.

A simulações envolveram mais de 10 000 átomos e utilizaram algoritmos de aprendizagem automática para analisar os dados. O modelo foi alimentado com dados obtidos a partir de experiências laboratoriais que replicaram as elevadas pressões e temperaturas do núcleo da Terra, explica o Science Alert.

Segundo a pesquisa, os átomos de ferro dentro do núcleo da Terra não são estacionários. Em vez disso, estão posicionados numa estrutura de rede hexagonal e podem migrar para posições vizinhas. Este movimento confere ao núcleo uma certa maleabilidade, fazendo-o comportar-se mais como metais mais macios, como o chumbo, do que uma estrutura rígida de ferro.

“Os átomos podem mover-se muito mais do que alguma vez imaginámos, tornando o núcleo interno menos rígido e mais fraco contra forças de corte”, explicou Zhang.

Anteriormente, modelos computacionais que simulavam o núcleo interno da Terra tinham limitações, incluindo tipicamente menos de uma centena de átomos. Também havia teorias de que “bolsas de fusão” dentro do núcleo interno da Terra poderiam explicar as suas propriedades, mas este estudo recente sugere que essas bolsas provavelmente foram espremidas à medida que o núcleo solidificava.

As novas descobertas têm implicações importantes para a nossa compreensão das dinâmicas internas e da sua evolução da Terra. Embora o estudo se baseie em cálculos teóricos e simulações, já que as propriedades do núcleo interno só podem ser inferidas à distância, os resultados correlacionam-se bem com observações sísmicas.

ZAP //

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