Uma equipa de cientistas da Universidade de Canterbury está a lançar rochas vulcânicas para telhados na Nova Zelândia na esperança de ajudar os habitantes de Auckland a entender os perigos vulcânicos.
“Auckland localiza-se num campo vulcânico ativo com 53 centros vulcânicos conhecidos e é provável que haja uma erupção no futuro, mas não temos certeza de quando ou onde”, disse Thomas Wilson, especialista em Risco e Resiliência de Desastres da Escola de Terra e Meio Ambiente da Universidade de Canterbury, em comunicado.
“O nosso papel como investigadores é colocar esse risco em contexto e entender quais são os prováveis impactos para ajudar os nossos parceiros no setor público a refinar o planeamento e a tomada de decisões em torno de qualquer evento futuro potencial.”
Wilson e a sua equipa têm estudado uma variedade de aspetos da atividade vulcânica, simulando o que pode acontecer com edifícios expostos a uma futura erupção do Auckland Volcanic Field (AVF).
Para isso, Nicole Allen, aluna de doutoramento na Universidade de Canterbury, tem uma tarefa peculiar: atirar rochas vulcânicas em alta velocidade para projetos típicos de telhados e carregá-los com toneladas de cinzas vulcânicas.
“Ao testar a resistência dos telhados, podemos ver que danos podem ser sustentados pelos edifícios, o que, por sua vez, pode ajudar-nos a entender quantas casas podem ser danificadas em erupções e o que podemos fazer para as proteger”, disse Allen.
“Também pode ajudar a informar quanta proteção os edifícios da Nova Zelândia dão às pessoas apanhadas num vulcão em erupção e se podem fornecer um lugar útil para se abrigar”, explicou.
Muitos moradores de Auckland podem não estar cientes de que os cones espalhados pela paisagem da cidade fazem parte do campo vulcânico de Auckland (AVF) potencialmente ativo. A última erupção na área foi na Ilha Rangitoto há cerca de 600 anos, o que, em termos vulcânicos, é considerado bastante recente.
Ao contrário dos grandes vulcões no centro da Ilha do Norte, o campo de Auckland desencadeia erupções mais pequenas em novos locais, o que criou os cones e alguns lagos ao redor da cidade.
Segundo Wilson, a probabilidade de uma erupção vulcânica em Auckland acontecer ao longo da vida de uma pessoa é de 5% a 15%, “o que é bastante improvável na nossa vida. Porém, se acontecesse, os impactos seriam tão grandes que valeria a pena a ênfase que estamos a colocar no planeamento de evacuações, exposição a seguros e resiliência de infraestrutura crítica com os nossos parceiros no setor público”.
“Uma erupção vulcânica pode criar riscos múltiplos, não apenas queda de cinzas, mas também fluxos de lava, projéteis balísticos, cinzas quentes e ondas de gás, ondas de choque, deslizamentos de terra ou até mesmo um tsunami, por isso é importante construir modelos de avaliação de impacto confiáveis para todos os eventos possíveis”, explicou o especialista.
“A reunião de cientistas e do setor público para ajudar a informar a gestão de risco de vulcões é bastante única internacionalmente e fornece à Nova Zelândia uma capacidade incrível de longo prazo para tomar as melhores decisões”, disse Wilson.
Os investigadores vão continuar a procurar prever melhor os danos potenciais, ajudar as autoridades locais a refinar os seus planos para mitigar o impacto de uma erupção e prever se as casas serão habitáveis e os serviços essenciais intactos.