Kiev denuncia ataques russos com drones ‘kamikaze’ iranianos

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Atef Safadi / EPA

Autarca de Kiev confirmou que as explosões se deveram a ataques de drones. Provocaram um incêndio num edifício não residencial e danos em vários prédios.

As explosões sentidas na manhã de segunda-feira no distrito de Shevchenkiv, no centro da capital ucraniana, Kiev, deveram-se a “ataques de drones ‘kamikaze'”, disse o chefe de gabinete da presidência do país.

A informação já foi confirmada pelas autoridades locais. A agência France-Press explica que as sirenes foram ouvidas momentos antes de duas explosões ecoarem às 6h35 e 6h45 locais (menos duas horas em Lisboa), avança a Renascença.

Como resultado do ataque russo, ocorreu uma explosão num edifício residencial. Até agora, 18 pessoas foram resgatadas. De acordo com informações preliminares, “dois residentes permanecem debaixo dos escombros”, informou o presidente da câmara de Kiev, Vitali Klitschko.

O autarca afirmou ainda que a demolição dos escombros estava em curso para tentar encontrar as vítimas. O trânsito foi cortado em algumas ruas da capital, de acordo com a agência ucraniana Ukinform.

“Os russos acham que [este ataque] vai ajudá-los, mas mostra o seu desespero“, disse Andrey Yermak, na plataforma Telegram, acrescentando que foram usados drones de fabrico iraniano.

Também no Telegram, o autarca de Kiev confirmou que as explosões se deveram a ataques de drones, que provocaram um incêndio num edifício não residencial e danos em vários prédios de apartamentos.

Os bombeiros e os serviços médicos e de emergência já estão no local e a autarquia da capital está a tentar recolher informações sobre possíveis vítimas, acrescentou Vitali Klitschko.

Após os primeiros ataques, um jornalista da AFP viu um drone a cair sobre um prédio, enquanto dois agentes policiais o tentavam abater com as suas armas de serviço.

Na passada sexta-feira, o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, disse que as Forças Armadas russas têm atualmente “cerca de 300 unidades” de drones de combate fornecidos pelo Irão.

Segundo Reznikov, as autoridades russas estariam agora em negociações com Teerão para comprar mais alguns milhares desses aparelhos aéreos não tripulados, segundo a agência de notícias UNIAN.

“Se vai acontecer ou não, veremos. Mas devemos estar preparados para isso, para não ficarmos parados. Estamos a desenvolver sistemas para os repelir. O nosso Exército está a derrubá-los, já aprendemos como fazê-lo”, disse Reznikov.

As autoridades ucranianas acusam desde agosto o Irão de fornecer os chamados “drones ‘kamikaze'”, que chocam com os alvos, ao Exército russo, embora Teerão tenha negado estar envolvido nessa transação, assim como Moscovo.

No final de setembro, a Ucrânia retirou as credenciais do embaixador iraniano em Kiev e anunciou uma redução significativa da presença diplomática iraniana.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de quase 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e quase sete milhões para os países vizinhos —, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções em todos os setores.

A ONU apresentou como confirmados 5.587 civis mortos e 7.890 feridos, sublinhando que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no final do conflito.

Irão nega enviar armas à Rússia

O Irão está a aumentar o seu envolvimento no ataque da Rússia à Ucrânia, de acordo com responsáveis dos EUA e aliados, avança o Público.

Os responsáveis afirmam que o Teerão acordou enviar não só drones de ataque, como o que alguns descreveram ser os primeiros mísseis terra-terra, destinados a serem usados contra cidades e posições militares ucranianas.

Responsáveis do Pentágono também confirmaram a utilização de drones iranianos em ataques russos, assim como o sucesso das forças ucranianas em abater alguns.

O Teerão enviou responsáveis à Rússia a 18 de setembro para finalizar os termos do envio de mais armas, incluindo dois tipos de mísseis terra-terra, segundo responsáveis de um país aliado dos EUA que controla de perto a atividade do Irão.

Tratam-se de mísseis balísticos com capacidade para atingir distâncias de 300 km e 700 km, de acordo com dois responsáveis. Se a entrega for mesmo efetuada, será a primeira vez que mísseis deste tipo chegam à Rússia desde o início da guerra.

Em agosto, os mesmos responsáveis identificaram drones iranianos específicos da série Shahed e Mohajer-6, que Teerão. No terreno, foram recolhidos pedaços, depois analisados e fotografados pelas forças ucranianas. Aparentemente, a Rússia terá voltado a pintar as armas, dando-lhes nomes russos.

Hossein Amirabdollahian, ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, afirmou que “a República Islâmica do Irão não deu e não irá dar nenhuma arma para ser usada na Ucrânia”, segundo um comunicado sobre o telefonema com João Gomes Cravinho. “Acreditamos que armar qualquer um dos lados da guerra vai prolongar a guerra”.

A 3 de Outubro, Nasser Kan’ani, porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, voltou a negar qualquer envolvimento do Irão no fornecimento de drones à Rússia.

“A República Islâmica do Irão considera relatos do envio de drones infundados e não os confirma”, declarou. O Irão é neutro neste conflito e as duas partes “devem resolver os seus problemas através de meios políticos que não incluam violência”.

O Governo de Kiev foi informado sobre este desenvolvimento, garantiu um responsável ucraniano, em entrevista ao The Washington Post.

No entanto, a Ucrânia já tinha chegado à conclusão que a maioria dos drones lançados pela Rússia no Sul da Ucrânia era de fabrico iraniano.

A Rússia também negou relatos sobre o envio de armas iranianas para a guerra na Ucrânia, sendo que o porta-voz da Presidência, Dmitri Peskov, sublinhou que esses relatos eram “infundados”.

Rússia está a “patrocinar o terror”

Na habitual mensagem diária, Volodymyr Zelenskyy, Presidente da Ucrânia, afirma que a Rússia está a “patrocinar o terror” através do recrutamento de prisioneiros para combater na frente de batalha.

“A situação na frente de batalha não tem passado por mudanças significativas no último dia”, contextualiza Zelenskyy, salientando que os pontos com “combates mais intensos” continuam a ser no Donbass, em Soledar e Bakhmut.

“Os ocupantes lançaram todas as pessoas que podiam contra as nossas forças, incluindo dois mil prisioneiros – estão entre os mercenários aqui”, diz na mensagem em vídeo. O Presidente ucraniano acrescenta que, entre as forças militares russas, estão a combater “condenados com penas longas por vários crimes”.

Estas pessoas, de acordo com Zelenskyy, “são mantidas na frente não só com dinheiro, mas também com a promessa de amnistia”.

“É desta forma que o estado russo patrocina o terror – procura assassinos nas prisões e promete-lhes liberdade se matarem outra vez. Alguém no mundo ainda duvida de que a Rússia deve ser oficialmente designada como um estado terrorista? Acho que não”, acusa Presidente ucraniano.

Na mensagem de vídeo, Zelenskyy pede aos ucranianos que ajudem a capturar militares da Rússia. “Toda a gente que capturar militares russos dá-nos a oportunidade de libertar os nossos heróis“.

Alice Carqueja, ZAP //

4 Comments

  1. Estão-se a acabar os mísseis. Agora vai com drones… isto enquanto o Irão os for dando.
    Em 7 meses de guerra os russos já perderam mais armamento e vidas do que em 10 anos de Afeganistão. Essa é que é a verdade.

  2. Mas … Não tinham já acabado os misseis em Março? Fui enganado está visto. Nem posso acreditar que as noticias me mentiram …

    • Mais um iliterado…não consegue compreender aquilo que lê …
      Olhe leia lá novamente a notícia e depois volte cá!
      E já agora, estão a usar drones porque cada um custa apenas 20 mil euros enquanto que os mísseis, aqueles que estão a acabar, custam entre 3 a 6 milhões dependendo do tipo de míssil em causa.

    • O problema destes cromos apoiantes da Rússia, que são também contra as vacinas COVID e ainda dizem que a terra é plana, é mesmo falta de instrução. Por um lado, não leem. Mas mesmo quando leem, não conseguem entender aquilo que leram. É grave. Esta malta devia voltar toda à escola, para concluir pelo menos a primária.

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