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Astrazeneca alega que embolias pulmonares e tromboses afetam mais quem não tomou a vacina

Luong Thai Linh / EPA

A farmacêutica AstraZeneca garantiu que não há qualquer evidência de um risco para a saúde da vacina desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford.

Em declarações à TSF, a delegação da Astrazeneca em Portugal referiu que “uma análise da base de dados de segurança, com mais de 10 milhões de registos, não mostrou qualquer evidência de risco aumentado de embolia pulmonar ou trombose venosa profunda”.

A falta de evidência aplica-se a “qualquer idade, sexo, lote ou num determinado país” com a vacina covid-19 daquela farmacêutica.

A empresa vai mais longe, alegando que as embolias pulmonares e tromboses até são mais comuns entre quem não recebeu a vacina. “Na verdade, o número observado deste tipo de eventos na população vacinada com a vacina da covid-19 da AstraZeneca é significativamente menor do que o que seria esperado quando comparado com a população em geral”.

A empresa sublinha ainda que a segurança da vacina foi reafirmada esta quinta-feira pela pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) e pelo Infarmed.

 

Opiniões divergem

Vários países europeus, como é o caso da Dinamarca, Estónia, Lituânia, Luxemburgo, Letónia, Noruega e a Áustria, suspenderam o uso da vacina da Astrazeneca após relatos de coágulos e tromboses em pessoas que foram vacinadas com este produto.

A Áustria anunciou no domingo a retirada por precaução de um lote da vacina da AstraZeneca após a morte de uma enfermeira do hospital de Zwettl. Segundo uma investigação preliminar conduzida pela EMA, a morte da enfermeira de 49 anos não estará relacionada com a vacinação, apesar de a causa ter sido trombose múltipla – formação de coágulos sanguíneos – dez dias depois de ser inoculada.

“Atualmente, não há indícios de uma relação causal com a vacinação. Com base em dados clínicos conhecidos, uma relação causal não pode ser estabelecida, pois as complicações trombóticas não se encontram entre os efeitos secundários conhecidos ou típicos da vacina em questão”, explicou a Agência Federal de Segurança Sanitária (BASG) austríaca.

Um segundo paciente foi diagnosticado com embolia pulmonar – bloqueio das artérias do pulmão – e, até terça-feira, mais duas outras condições de coagulação foram identificadas em pacientes que receberam uma dose do mesmo lote.

Até quinta-feira, foram reportados pela EMA 22 casos de tromboembolia.

Portugal, contudo, não vai suspender a administração da vacina da AstraZeneca, segundo uma nota publicada pelo Infarmed. Segundo o regulador, os benefícios da utilização da vacina da AstraZeneca mantêm-se superiores ao risco e, por isso, não vai alterar as recomendações já feitas de toma da vacina.

Esta sexta-feira, Itália decidiu interditar preventivamente o lote da vacina AstraZeneca/Oxford contra a covid-19, associado em alguns países europeus a efeitos secundários graves em pessoas vacinadas.

“No seguimento de informações sobre certas reações adversas graves (…), a IAAF decidiu por precaução proibir o uso deste lote (da vacina AstraZeneca/Oxford) em todo o país”, refere comunicado divulgado pela Agência Farmacêutica Italiana (AIFA).

A Agência sublinhou o caráter preventivo da medida e que nenhuma relação causal foi estabelecida até o momento entre a administração da vacina AstraZeneca e certas reações graves observadas em pessoas vacinadas.

A suspensão da vacinação com 4.200 doses de AstraZeneca do mesmo lote suspenso na Itália foi também anunciada pela Roménia.

Por sua vez, a França anunciou esta sexta-feira que vai continuar a administrar a vacina AstraZeneca, apesar de receber menos doses do que seria de esperar. “Segundo a Agência Nacional de Segurança do Medicamento, que segue as recomendações da Agência Europeia do Medicamento, não há razão para suspender a vacinação com Astrazeneca”, afirmou o ministro da Saúde, Olivier Véran.

A Tailândia decidiu adiar o lançamento da campanha de vacinação com a AstraZeneca, disse esta sexta-feira um responsável da saúde, devido aos receios de que esta possa causar coágulos de sangue.

“Embora a qualidade da AstraZeneca seja boa, alguns países decidiram adiar [a sua utilização]”, uma medida de precaução que será também seguida na Tailândia, disse o conselheiro do comité nacional responsável pela campanha de vacinação contra a covid-19 no país, Piyasakol Sakolsatayadorn, numa conferência de imprensa.

Maria Campos, ZAP // Lusa

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