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Associação de Bragança ensina a construir eólicas artesanais

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Corane

Um associação de Bragança decidiu canalizar verbas destinadas a seminários e outras promoções para ajudar desempregados e curiosos a aprenderem a construir eólicas para consumo próprio ou futuros negócios.

Um grupo de 18 formandos descobriu, na última semana, que é possível construir uma pequena torre de forma artesanal e gerar energia capaz de substituir um motor de rega ou alimentar um ferro de engomar.

As energias alternativas são uma área em expansão e a Corane, Associação de Desenvolvimento da Raia Nordestina, quer incentivar o empreendedorismo no Nordeste Transmontano e a diversificação de negócios, realçou à Lusa a coordenadora da iniciativa, Luísa Pires.

Corane

Cartaz do curso de auto-formação em eólicas

Quase no final de uma semana de formação, Luís Moreira, um dos formandos, continuava a retocar a madeira que há-de transformar-se numa das pás da torre eólica em construção durante o curso, que a Lusa acompanhou numa tarde.

Luís trabalha no ramo da construção civil, soube do curso e decidiu aproveitar “para aprender alguma coisa que pode ser útil”.

Não tinha ideia de que era possível construir uma pequena torre de dois metros com madeira, chapas de ferro, fio para as bobinas elétricas e parafusos e conhecimentos elétricos.

“Não é só cortar madeira, tem as suas matemáticas para funcionar, tem de ser tudo certo”, de contrário “não funciona”, observou.

Já outros dos formandos, Jorge Diegues, um eletromecânico reformado, aproveita para “avivar conhecimento” e embora não vislumbre grandes negócios, acredita na utilidade no consumo doméstico.

Está convencido de que estas eólicas artesanais podem substituir as bombas para puxar água tão utilizadas na região em pequenas hortas ou “alimentar”, em casa, um ferro de engomar ou um aquecedor.
A formação está a cargo de dois irlandeses que têm trazido a Portugal a sua experiência na construção destes equipamentos para produção de energia limpa.

Jimmy Dowds dá cursos “de turbinas de vento há seis/sete anos” e o seu interesse nas eólicas começou na zona onde vive, na Irlanda, e onde, como contou, foi preciso encontrar soluções para várias casas que não têm energia elétrica. “Ao longo dos anos acabamos por perceber que as melhores turbinas eram as produzidas artesanalmente“.

Em Bragança, vai ser possível constatar a qualidade deste equipamento com a eólica construída nesta formação, que vai ser instalada junto a uma pequena casa de madeira que a Corane vai instalar na área de Montesinho para apoio a atividades que promove como BTT, passeios pedestres, de fotografia, de cogumelos ou canoagem.

“A casinha fica um bocado desviada da aldeia, não há energia, e então a energia que a eólica vai produzir é a única vamos ter“, contou Luísa Pires.

Um novo curso está programado para a semana de 02 a 07 de dezembro, em Miranda do Douro, com a perspetiva de outros tantos formandos com o mesmo perfil: são desempregados, pessoas à procura de um novo negócio, de um complemento ao negócio ou das áreas das engenharias para adquirirem mais conhecimento.

Estes cursos não são remunerados e inicialmente estava previsto que cada formando tivesse de pagar 100 euros, mas verificou-se que “as pessoas que tinham perfil e que precisavam de frequentar este curso eram as que não poderiam” e a associação, que trabalha com fundos do PRODER, resolveu suportar os custos na totalidade.

É o dinheiro do nosso funcionamento, que nós podíamos gastar a fazer seminários e divulgações, mas achámos melhor fazer este tipo de formações”, vincou Luísa Pires.

// Lusa

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