Aruká Juma viu a sua tribo, que vive na Amazónia, diminuir significativamente durante a sua vida. A população de 15 mil indivíduos no século 18 foi sendo dizimada por doenças e massacres sucessivos. Com a sua morte, causada pela covid-19, restaram apenas cinco membros, todos mulheres.
Segundo um artigo do jornalista Michael Astor, publicado na quarta-feira no New York Times, em 1999, com a morte do seu cunhado, o indígena – que como muitos índios brasileiros usava o nome da sua tribo como apelido -, tornou-se o último homem Juma.
Juma morreu a 17 de fevereiro, num hospital em Porto Velho, capital do estado de Rondônia. De acordo com a sua neta Puré Juma Uru Eu Wau Wau, o homem tinha entre 86 e 90 anos e faleceu em consequência da infeção pelo novo coronavírus. Este era o último membro da tribo que falava o dialeto próprio dos Juma.
Em 1998, sob circunstâncias pouco claras, funcionários federais retiraram Juma e a sua família da reserva da tribo, que contava com mais de 40 mil hectares, transportando-os para o estado vizinho de Rondônia, na expetativa de que se casassem com membros da tribo Uru Eu Wau Wau, como forma de preservar parcialmente a sua cultura.
Mas Juma suspeitou que a mudança visava privar a sua família das terras e entrou com um processo em tribunal, que se arrastou por 14 anos. Entretanto, as suas três filhas casaram com homens Uru Eu Wau Wau. Juma também teve uma filha com um membro dessa tribo. A sua primeira esposa havia morrido em 1996.
A tribo acabou por regressar à sua reserva em 2012. Juma ficou satisfeito, mas alguns dos maridos das filhas recusaram-se a morar lá. Os netos, que só falam português, tiveram voltaram para Rondônia para frequentar a escola.
“Hoje sinto-me sozinho e penso muito na época em que éramos muitos”, disse ao fotógrafo Gabriel Uchida, que entrevistou e fotografou Juma para um artigo publicado em 2016 no site Riscafaca.com. “Éramos muitos antes dos seringueiros e garimpeiros virem matar todo o povo Juma. Naquela época, os Juma eram felizes. Agora só sou eu”, desabafou.
Juma nasceu na década de 1930, nas margens do Rio Açuá, próximo à cidade de Lábrea, no sudoeste do Amazonas, filho de Aguir Juma e de Borea Juma. O seu rosto continha tatuagens que iam das orelhas à boca e ao redor dos lábios e costumava usar um cinto de videiras. Nos seus últimos anos, caçava, pescava e cultiva mandioca, frutas e castanhas.
Juntamente com sua neta Puré, Juma deixou as filhas Mandeí, Maitá e Borehá – que teve com a primeira esposa -, e Juvy – da segunda esposa -, bem como 14 netos. Para preservar a memória da tribo, alguns dos netos incluíram Juma nos seus apelidos antes de Uru Eu Wau Wau, algo que os antropólogos disseram ser raro entre as tribos da Amazónia.
Coronavírus / Covid-19
-
20 Outubro, 2024 Descobertas mais provas de que a COVID longa é uma lesão cerebral
-
6 Outubro, 2024 A COVID-19 pode proteger-nos… da gripe
Há, só no Brasil, algumas centenas de tribos! Totalizando 0.4% da população da grande nação brasileira, embora cidadãos de pleno direito, a sua integração com a nodernidade tem sido demasiado lenta, as politicas protecionistas tem contribuido para o seu isolamento e impedido que isso aconteça com maior celeridade, dificultando o seu aprendizado e o seu acesso aos recursos essenciais e ás vantagens da modernidade.
Tentar q se mantenham como se vivessem noutras épocas é um exercício que certamente não os favorece.
Apesar de lhes serem atribuidos enormes reservas de territórios brasileiros i desenvolvimento é lento demais e muito precário. Pois falta-lhes os conhecimentos e os meios necessários, além de serem vitimas da sua instrumentalização para fins políticos enganosos e obscuros !