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Apoio à banca “não foi boa solução” mas evitou “colapso da economia”, diz Marcelo

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José Sena Goulão / Lusa

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República considerou na sexta-feira que o encargo de 18 mil milhões de euros para o Estado apoiar o sistema financeiro na última década “não foi uma boa solução”, mas evitou o “colapso da economia nacional”.

Falando aos jornalistas à margem de uma visita à festa de Natal da Comunidade Vida e Paz, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa começou por apontar que o país “conheceu uma crise gravíssima, gravíssima, e que, à escala de Portugal, é uma crise que teve consequências dramáticas para muitas empresas”, noticiou a agência Lusa.

Segundo o prórpio, as consequências poderiam ter sido “ainda mais dramáticas, porque houve momentos em que várias instituições financeiras sofreram essa crise, pondo em risco os compromissos assumidos se não tivessem sido tomadas algumas medidas, entre elas a capitalização feita com recurso a outros bancos e também ao Estado”.

“E estaríamos a falar de centenas de milhares, para não dizer de milhões de portugueses”, observou, considerando que este apoio à banca “não foi uma boa solução”, mas ressalvando que “se em determinado momento tivesse havido mesmo uma paragem e um colapso no sistema financeiro era o colapso na economia nacional”.

“Todos nós teríamos preferido que essa situação, como diz, [que] corresponde praticamente a uma década, não tivesse acontecido, mas o que interessa agora é olhar para o futuro, retirar as lições e saber que mais vale prevenir do que remediar”, defendeu.

Observando que “quando não se pôde prevenir, e se apanhou em cheio com a crise internacional também bancária e com problemas internos, aí a alternativa era a economia toda paralisar”, o Presidente assinalou que “isso obrigou a que tivesse de fazer a injeção de meios financeiros muito grandes”.

Ainda assim, confessou que “é tentador dizer ‘porque é que não foi para habitação, porque é que não foi para saúde, porque é que não foi para a Segurança Social, porque é que não foi para os sem-abrigo?'”.

O Tribunal de Contas estima que o encargo para o Estado de apoiar o sistema financeiro entre 2008 e 2018 ascendeu a 18.292 milhões de euros, segundo o parecer à Conta Geral do Estado de 2018 divulgado na sexta-feira.

As despesas, entre 2008 e 2018, foram de 25.485 milhões de euros e as receitas de 7.193 milhões de euros (as principais receitas decorrentes dos juros que bancos pagaram ao Estado pelas obrigações de capital contingente, as chamadas coco’s), o que resulta no valor líquido de 18.292 milhões de euros.

Este valor, correspondente a uma média de 1.663 milhões de euros por ano, tem a ver com a aquisição pelo Estado de participações em bancos, empréstimos, prestação de garantias, entre outras formas de apoio, relacionando-se com a intervenção pública em casos como BPN, BES/Novo Banco (incluindo o apoio aos lesados do BES) e Banif.

Apenas em 2018, o esforço financeiro do Estado foi de 1.538 milhões de euros, em termos líquidos, o que inclui a injeção de capital no Novo Banco pelo Fundo de Resolução e o processo de nacionalização e reprivatização do BPN, compensados por reembolsos de 174 milhões de euros (sobretudo de recuperação da garantia dada ao BPP).

Lusa //

5 Comments

  1. São estes tipos de afirmações, vindas de quem vem, que me deixam sempre perplexo !…….. “Não foi boa solução, mas afinal até foi” !….. Dizia Cavaco dias antes do escândalo do caso BES vir a publico “que os “Depósitos eram seguros”….o resultado é o que todos nós sabemos; ou seja o Zé Povo que pague !………já nos vamos habituando, não é ???

  2. Estupefacto,sr Presidente, pois sempre pensei que fosse Presidente de e para todos os Portugueses e não mero porta voz do governo.
    Aquilo que VEx enaltece no sr Centeno,qualquer economista experiente faria, provavelmente melhor, porque as pretensas contas certas não são assim tão certas, ver relatórios do TC e da CE, e a falácia de 2018, está agora a ser desmontada. Neste 0E para 2020 de acordo com o que vem a público existe muito erro e confusao. Pedir um pouco de isenção a VEx, e o que me atrevo a pedir.
    Saúde e bom Natal, sr.Predidente.

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