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Apagão de 15 minutos e greve às aulas à distância. Professores protestam contra “desgoverno na educação”

António Cotrim / Lusa

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.

Um grupo de professores está a apelar a um “apagão” de 15 minutos diários durante as aulas à distância como forma de protesto contra o Governo devido a reivindicações antigas e às condições de trabalho actuais. Entretanto, um dos Sindicatos da classe convocou uma greve ao ensino online.

Com a segunda fase de ensino à distância forçada pela pandemia, os professores aproveitam o momento para fazerem velhas reivindicações e também para se queixarem das condições de trabalho actuais.

Um grupo de docentes, que se define como um movimento “livre e individual”, está a apelar a um “apagão” às aulas à distância nestas quinta-feira e sexta-feira, 18 e 19 de Fevereiro, solicitando aos professores que desliguem os seus computadores às 9:15 horas, “durante um período de 15 minutos”.

A ideia é “suspender, nesse período, a colaboração com o disfarce de falta de preparação que tem impedido a opinião pública de perceber que o ministro Brandão mente ao dizer que tudo corre bem e tudo estava preparado” para as aulas à distância, defende este grupo de professores num manifesto a que o Diário de Notícias (DN) teve acesso.

O grupo apela também a outros “profissionais de educação, que estão em sua casa a usar, sem compensação, o seu próprio equipamento e condições técnicas para realizar ensino à distância” que adiram a este protesto simbólico.

O “apagão” deverá passar, na próxima semana, a “dois períodos diários de desligamento de 15 minutos, em horas diferentes”. Na semana seguinte, está a ser ponderada a possibilidade de “passar a três períodos e, assim sucessivamente”, explica-se no manifesto.

“Revelar a grande ilusão que é o ensino à distância”

Os docentes prometem continuar o protesto até “o Governo perceber que tem de respeitar e agradecer aos professores a sua boa vontade e colaboração, que tem ajudado a que não se perceba, em nome dos alunos, o desgoverno na educação”.

Além das queixas contra as actuais condições de trabalho, estes professores reportam-se para batalhas antigas, notando as “questões de salário e de respeito pela carreira”, os “horários, aposentação, concursos, tratamento dos contratados, avaliação, falta de recursos para os alunos e más condições de trabalho para os assistentes operacionais”, bem como a “imagem pública da classe e sua degradação pelas mentiras junto da opinião pública”, como outros motivos para o protesto.

Um dos subscritores do manifesto, Luís Sottomaior Braga, explica ao DN que o protesto é “um passo necessário para revelar a grande ilusão que é o ensino à distância“.

“Num processo desses, os recursos tecnológicos são essenciais e, na verdade, apesar de todas as ilusões que são passadas para a opinião pública, os donos do equipamento são os professores. O governo não fez, e teve tempo, o essencial“, critica este docente.

Entretanto, o Sindicato de Todos os Professores (STOP) convocou uma greve às aulas à distância também devido ao desagrado com o Ministério da Educação.

ZAP //

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