António Costa quer Medina como ministro das Finanças. Pós-eleições poderá trazer um novo “super-ministério”

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Tiago Petinga / Lusa

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, com o primeiro-ministro, António Costa,

Experiência governativa de Medina, também na área orçamental, será determinante para a apresentação de um Orçamento do Estado para 2022 o mais rápido possível.

As dinâmicas para as legislativas de 2022 estão a mudar: o PS já não parece bafejado pela sorte e por uma onda de conquistas eleitorais consecutivas, pelo menos aos olhos do eleitorado que nas sondagens se mostra mais recetivo a alternativas de direita. Na campanha eleitoral, António Costa sabe que terá de recuperar terreno para evitar uma surpresa na noite eleitoral e fazer esquecer algumas das decisões (não) tomadas nos últimos meses, a começar pela adiada renovação governamental.

Neste âmbito, e a confirmarem-se os resultados previstos pelas sondagens, o PS poderá ter novas caras no Governo, de forma a reforçar a dinâmica de um novo ciclo político. Segundo o jornal Eco, num cenário de vitória socialista, João Leão não continuará com a pasta das Finanças, com Fernando Medina na pole position para ocupar o cargo, face à preferência de António Costa. Tal como lembra a mesma fonte, o antigo presidente da Câmara de Lisboa é economista de formação, foi assessor económico de António Guterres, foi secretário de Estado do Emprego no Governo de José Sócrates e também secretário de Estado da Economia, lado a lado com Vieira da Silva.

Confrontado com esta preferência, o PS não a confirmou nem desmentiu, remetendo para o primeiro-ministro a escolha da sua equipa. Ainda assim, manifestou a sua “perplexidade com a notícia“, adiando para 3 de janeiro, dia da apresentação do programa eleitoral, mais explicações. No entanto, o jornal insiste que António Costa confidenciou aos seus mais próximos que, após avaliar algumas alternativas para as Finanças, não encontrou outro nome em que deposite tanta confiança pessoal, sublinhando a importância da “capacidade política” do cargo.

Neste âmbito, é consensual no núcleo duro de António Costa que João Leão, durante o tempo em que esteve ao comando das Finanças, foi, sobretudo, um ministro da execução orçamental, deixando para segundo plano outras vertentes da posição. Das listas de candidatos a deputados também surgem pistas, já que Fernando Medina ocupa o 5.º lugar por Lisboa, ao passo que o atual ministro não consta em nenhuma lista.

Outro trunfo do lado de Medina terá que ver com a sua experiência no que respeita a a governação e a assuntos orçamentais, o que será determinante para qualquer Governo que entre em funções após as eleições de janeiro face ao período limitado que as Finanças terão para preparar um novo documento, no rescaldo do chumbo do Orçamento do Estado para 2022 — o que motivou precisamente a dissolução da Assembleia da República e a consequente convocação de eleições legislativas antecipadas.

Para além da pasta das Finanças, mais deverão ter novos ocupantes — todas no âmbito da Economia. De saída estará também Pedro Siza Viera, ministro de Estado e da Economia e número dois do Governo, e Nélson de Sousa, ministro do Planeamento. Estas mudanças serão particularmente importantes à luz também dos fundos europeus que o país irá receber que poderão motivar uma fusão dos ministérios das Finanças e da Economia, numa espécie de super-ministério. Um dos nomes em cima da mesa para o assumir será Ana Abrunhosa, responsável pela Coesão. Do seu lado tem o domínio dos fundos comunitários, mas também a formação na área económica, a qual, de resto, lecionou na Universidade de Coimbra.

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8 Comments

  1. EPÁ MUITO BOM, COSTA… GRANDA TIRO NO PÉ!

    Isto cada vez está melhor. Um Presidente de Câmara carregado de polémicas e decisões impopulares, e um derrotado em toda a linha, vem agora ser apontado como Ministro das Finanças. Agora é que Portugal ía de mergulho. Esta tradição de tentativa de revitalização de derrotados só me lembra o Rangel.

    Continua assim, Costa! Melhor para Rui Rio que não pára de subir nas sondagens!

  2. Penso que será uma optima escolha, pois só põe defeitos quem não teve contactos com a Câmara ao longo dos vários anos
    No tempo do PSD-Santana Lopes as facturas dos fornecedores eram pagas ao fim de uma ano ou mais.
    No tempo do PS-Medina os pagamentos começaram a ser efectuados dentro dos prazos acordados 30/60 dias

    • Caro amigo (chamo-o assim porque até prova em contrário tenho boa fé nas pessoas), você até pode ter razão porque tradicionalmente as câmaras de facto são dos piores pagadores que há! Logo por aí sempre me recusei a prestar serviços a câmaras.

      Uma vez quando o Costa ainda se estava a candidatar pela primeira vez a Presidente da CML, um gajo veio pedir-me por intermedio de um conhecido comum, se eu queria editar uma peça de campanha do Costa. Eu sentei-me com ele no meu estúdio e a minha mulher até trouxe um chazinho enquanto começava a editar. Já as horas íam altas e eu perguntei ao fulano como era de números. Responde-me o bandalho que a política era ir pedindo uns favores aqui e outros ali e assim fazer tudo de borla. Eram pois duas da manhã e corri com o gajo do Estúdio.

      Mas agora pense comigo… O valor de uma câmara e sua gestão não se mede por pagar ao não a fornecedores, Mede-se essencialmente pelo valor acrescentado que traz ao município e à qualidade de vida dos munícipes… E isso é avaliado pelos resultados eleitorais. Mais não preciso de dizer…

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