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Antiguidades roubadas na Síria estão a ser vendidas no Facebook

Zouhir Al Shimale / EPA

Uma investigação da BBC mostra que parte das antiguidades roubadas pelo Daesh em várias cidades da Síria está a ser traficada e posta à venda no Facebook.

De acordo com a investigação da BBC, as peças foram roubadas na Síria e no Iraque, levadas para a Turquia e, por fim, divulgadas em grupos privados daquela rede social. Amr al-Azm, arqueólogo que esteve na Síria e que atualmente dá aulas na Shawnee State University, no estado norte-americano do Ohio, passou dois anos a explorar centenas de grupos no Facebook que contam com milhares de membros.

O investigador conta que encontrou mosaicos romanos em promoção, pessoas que trocam mensagens sobre futuras escavações e até uma fotografia de uma escultura que o vendedor garante ser da cidade de Palmira.

“O que temos notado é que há uma explosão de sites e utilizadores no Facebook. É um problema transnacional e o Facebook está a permitir que isto aconteça”, disse Amr al-Azm. A rede social assegura que já encerrou 49 grupos relacionados com a divulgação e venda de antiguidades.

Há até quem tenha encomendado o que quer comprar. Por exemplo, um utilizador questionou um dos vendedores sobre se seria possível entregar na Turquia um manuscrito da era islâmica.

“Abriu-me os olhos para o quão rápido funcionam estas redes de tráfico. Se cavarmos e encontrarmos algo no nosso quintal e não conhecemos nenhum traficante, basta ir ao Facebook, partilhar fotografias do material encontrado e entrar em contacto com os compradores”, disse Katie Paul, outra das arqueólogas envolvidas na investigação.

Apesar de cerca de 70% dos artefactos que saem da Síria serem falsos, continuam a ser procurados e comprados. A Turquia é muitas vezes usada como uma das rotas de tráfico de antiguidades, onde o controlo nas fronteiras foi recentemente intensificado.

Dificilmente se consegue apurar o caminho que tomam depois. Acabam por ir parar à mão de privados que não expõem publicamente as obras.

No ano passado, uma das primeiras operações policiais destinadas a travar o tráfico de obras de arte foi levada a cabo pela polícia espanhola em Barcelona. Dois homens foram detidos e acusados de tráfico e de envolvimento com o Daesh, depois de terem sido apanhados com mosaicos e sarcófagos egípcios, assim como artefactos greco-romanos.

Uma vez chegada ao país de destino, a transação entre comprador e vendedor acontece bem longe do olhar público, em locais discretos. A UNESCO acredita que o valor dos roubos do Daesh atingiu uma “escala industrial” e que valeu ao grupo radical islâmico milhares de dólares.

ZAP //

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