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Meco. Antigo dux recorda que o grupo levou com “uma onda“ e diz que ainda tentou salvar colega

Rui Minderico / Lusa

Mais de sete anos depois da tragédia do Meco, o caso chega esta terça-feira a tribunal para o julgamento do processo em que as famílias dos seis jovens que morreram durante a praxe pedem indemnizações no valor global de 1,3 milhões de euros.

João Gouveia, o “dux” (líder da praxe), foi o único sobrevivente daquela noite de 13 de dezembro de 2013 e conta agora ao tribunal o que aconteceu.

Segundo o Observador, João Gouveia recorda que o grupo que estava apenas sentado na praia e já tinha até decidido ir embora porque estava frio – um deles já estava até de pé -, quando foram levados por uma onda.

“Do que me recordo, fui empurrado para a zona de rebentação. Lembro-me de não ter pé, de levarmos com mais ondas, em jeito de máquina de lavar. Quando fui levado, a primeira vez que vim de vir ao de cima, recordo-me de ver alguns deles. Depois, das outras vezes, não”, descreveu.

O líder do grupo contou que conseguiu sair do mar e que o facto de ter feito bodyboard facilitou. “Consegui livrar-me da capa”, revelou, acrescentando que ainda tentou “agarrar a mão da Carina”, uma das jovens que morreu.

O dux relembra que assim que saiu do mar a primeira coisa que fez foi chamar o 112, contando que quando a polícia marítima chegou à praia, estava “deitado” na areia e foi prontamente socorrido.

Questionado pela juíza, revela que o “plano” nem sequer era ir à praia, mas ir “dar uma volta”.

Em resposta aos advogados que estão a representar a Universidade Lusófona, o antigo dux afirmou que que qualquer uma das pessoas que esteve naquele fim de semana, era livre de sair quando quisesse.

João Gouveia negou ainda que os estudantes tinham pedras amarradas nos tornozelos, durante a atividade de praxe feita no dia anterior num descampado. Acrescento ainda que na mesma noite “ingerimos álcool. Todos. Nada por aí adiante“.

O inquérito às circunstâncias da morte dos seis jovens foi arquivado em julho de 2014 e reaberto em outubro do mesmo ano, quando o dux foi constituído arguido.

Em março de 2015, o Tribunal de Instrução Criminal de Setúbal decidiu não enviar o processo-crime para julgamento e o Tribunal da Relação de Évora, após recurso da defesa, manteve a decisão, sublinhando que as vítimas eram adultas e não haviam sido privadas da sua liberdade durante a praxe, pelo que não havia responsabilidade criminal sobre João Gouveia.

Em 2016, as famílias dos seis jovens interpuseram seis ações cíveis contra o dux e a COFAC. Em cada uma das seis petições iniciais (PI) é pedida uma indemnização de cerca de 225 mil euros, o que perfaz um valor global que ronda um milhão e 350 mil euros.

Em janeiro do ano passado, o TEDH condenou o Estado português a pagar 13 mil euros de indemnização à família e apontou falhas à investigação.

ZAP // Lusa

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