Como nós e o açúcar: animais preferem comer microplásticos — e isso vai assombrar-nos

Unknown / Wikimedia

Caenorhabditis elegans

Alarmante “efeito cascata”  não resulta de uma mutação genética, mas sim de uma resposta comportamental aprendida por vermes nematódeos. Como nós, quando preferimos alimentos mais doces, apesar de fazerem pior à saúde.

A exposição contínua a microplásticos pode levar alguns pequenos animais a preferirem alimentos contaminados, mesmo quando têm acesso a opções mais limpas.

O comportamento invulgar, descrito num estudo da Universidade Politécnica de Hong Kong e publicado no passado dia 10 na Environmental Science and Technology Letters, foi observado em vermes nematódeos. O estudo analisou o comportamento alimentar de Caenorhabditis elegans, comum verme microscópico.

Inicialmente, os animais optaram por uma dieta à base de bactérias não contaminadas; ao longo de várias gerações, começaram a mostrar preferência por alimentos com microplásticos.

A mudança de comportamento tem a ver com a forma como os nematódeos identificam alimento — que é pelo olfato e não pela visão.  A exposição repetida pode ter feito com que os vermes passassem a associar o odor dos microplásticos ao alimento habitual. Outros animais que dependem do olfato podem sofrer alterações semelhantes no seu comportamento alimentar, alertam agora os investigadores.

Os nematódeos, presentes em grande número nos solos do planeta, desempenham um papel essencial na cadeia alimentar e na reciclagem de nutrientes.

Este gosto adquirido “será transmitido através da cadeia alimentar”, diz diz Song Lin Chua, da Universidade Politécnica de Hong Kong, à New Scientist, que alerta que o comportamento pode criar uma espécie de “efeito cascata” que também afetará a dieta humana. “Eventualmente, isto vai virar-se contra nós”, diz.

ZAP //

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