O “ataque cardíaco de Hollywood” quase nunca é realista

A maior parte das pessoas imagina um ataque cardíaco como um colapso dramático de aperto no peito. Um novo estudo mostra que a imagem comum dos sintomas de um ataque cardíaco raramente reflete a realidade e pior: esse mal-entendido pode mesmo custar-nos a vida.

Chamado “ataque cardíaco de Hollywood” – vemos, por vezes, nos grandes e pequenos ecrãs personagens a sentir uma dor súbita e intensa, a agarrar firmemente o peito esquerdo e, por fim, a desmaiar.

No entanto, o “ataque cardíaco de Hollywood” é que raramente reflete a realidade.

O problema é que muitas pessoas pensam, no entanto, que reflete e, quando nos toca, esse mal-entendido pode estar a custar-nos a vida.

Foi o que demonstrou um estudo publicado recentemente na Heart & Lung,  por investigadores a Universidade Estadual de Illinois (ISU) e da Universidade do Texas em Arlington (UTA).

“Prestámos um mau serviço a nós próprios, com o que é conhecido como ‘O Ataque Cardíaco de Hollywood’”, disse, à New Atlas, Ann Eckhardt, professora de enfermagem e investigadora da UTA e autora correspondente do estudo.

“Infelizmente, isso não é a vida real. Nem sempre é intenso. Por vezes, é apenas um desconforto que não parece estar bem, pelo que as pessoas tendem a esperar para consultar um médico. Quanto mais se espera, maior é a probabilidade de se ter consequências negativas após o ataque cardíaco”, alerta.

As perceções são incompletas

O estudo realça que há um desfasamento entre os sintomas esperados de um ataque cardíaco e a realidade, o que pode levar a atrasos na procura de cuidados, especialmente se os sintomas não corresponderem às expectativas.

Ou seja, muitas pessoas não têm uma perceção completa do que é ter um ataque cardíaco, na realidade.

“Dizemos muitas vezes às pessoas que a dor no peito é um sintoma de ataque cardíaco, mas o que não lhes dizemos é o que podem realmente sentir“, afirmou Eckhardt. “Para muitas pessoas, não se trata de dor no sentido tradicional. É mais desconforto, pressão, aperto. Não se sentem bem, mas não conseguem identificar o que é”, acrescentou.

A especialista aponta também que quanto mais tempo se demorar na deteção dos sintomas, maior é a probabilidade de se registarem danos irreversíveis no coração.

“Por isso, se conseguirmos determinar como as pessoas pensam que será um ataque cardíaco, talvez possamos ajudar a comunidade médica a fazer uma melhor triagem e a colocar questões. Não se trata apenas de “Está a ter dores no peito?”; trata-se também de “Tem algum desconforto, pressão, desconforto, aperto?”“.

ZAP //

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