Angola enviou uma carta a todos os embaixadores da CPLP a questionar a investigação a Manuel Vicente. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse que a carta “não tem a ver” com o mandado de detenção do ex-vice-Presidente angolano.
Esta quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores angolano entregou uma carta ao embaixador de Portugal em Luanda, para o seu homólogo português Augusto Santos Silva, sobre o processo que envolve Manuel Vicente.
Fonte ligada ao processo avançou à Lusa que a carta tem a ver com a posição de Angola sobre o caso judicial ligado ao ex-vice-Presidente de Angola, que decorre em Portugal, e foi igualmente entregue a todos os embaixadores dos Estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
João Caetano da Silva, embaixador de Portugal em Luanda, não quis prestar declarações à saída de uma audiência no Ministério das Relações Exteriores de Angola.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou esta quarta-feira que a carta enviada pelo Governo angolano a todos os embaixadores da CPLP não está relacionada com o mandado de detenção de Manuel Vicente.
“A carta não tem a ver com o mandado de detenção que foi emitido pelas autoridades judiciais portuguesas”, disse o ministro aos jornalistas, segundo o jornal i.
Santos Silva adiantou que “a nota verbal do Governo angolano é mais um desenvolvimento nos contactos que temos tido a propósito das repercussões do processo” que envolve o ex-vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente.
O ministro frisou ainda que existem acordos judiciários bilaterais com Angola, para além daqueles que estão estabelecidos no âmbito da CPLP. “Angola teve a gentileza de remeter a Portugal informação sobre o seu ponto de vista em relação à aplicação dos acordos judiciários quer bilateral quer multilateral”, explicou.
Augusto Santos Silva não detalhou o conteúdo da carta e pediu que “não se dê mais importância às coisas do que aquela que têm. Só provam que o canal diplomático entre Portugal e Angola e Angola e Portugal está a funcionar na perfeição“.
Manuel Vicente é acusado de ter corrompido Orlando Figueira, no processo Operação Fizz, com o pagamento de 760 mil euros, para o arquivamento de dois inquéritos, um deles o caso Portmill. O julgamento do caso começou em Lisboa, mas a Justiça portuguesa não conseguiu notificar Manuel Vicente e separou o seu processo.
Esta carta surge depois de o ex-vice-Presidente de Angola ter enviado uma carta ao procurador-geral angolano a pedir a transferência do processo para aquele país.
ZAP // Lusa