Vitalino Canas diz que Ana Gomes se “notabilizou por ataques ao PS”

José Sena Goulão / Lusa

Vitalino Canas, ex-deputado e ex-porta-voz nacional do PS no Governo de José Sócrates

O antigo dirigente socialista considerou que a ex-candidata presidencial se notabilizou por ataques ao PS e que, por muito que a direção do partido se empenhasse na sua candidatura, não conseguiria convencer o eleitorado do PS.

A 31 de janeiro, num artigo de opinião publicado no jornal Público, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, considerou que o PS errou ao não apresentar nenhum candidato nas eleições Presidenciais e que esse erro “contribuiu involuntariamente para a afirmação do candidato da extrema-direita”.

Esta segunda-feira, também num artigo de opinião no mesmo jornal, intitulado “Pena de morte”, Vitalino Canas escreve que a opinião do governante, que “é um dos bons políticos do PS e tem legítimas pretensões futuras”, “merece debate”.

O antigo dirigente socialista diz ter a certeza de que o ministro, se fosse líder do PS, “teria dificuldade em encontrar uma figura com a estatura de Mário Soares ou Manuel Alegre que, não obstante nada terem a provar ou a ambicionar em termos de projeção política, se predispusessem a ficar em segundo lugar e a simplesmente tratar de derrotar o candidato populista da direita”.

O ex-deputado considera que Pedro Nuno Santos “seria forçado a apoiar Ana Gomes, seguramente disponível a avançar por puro interesse e agenda pessoal, para fazer essa lamentável figura” e “esbarraria, como esbarrou, contra um facto simples”.

“Ana Gomes notabilizou-se por ataques ao Partido Socialista e a pessoas do Partido Socialista. Por muito que a direção do partido se empenhasse na sua candidatura, não conseguiria convencer o eleitorado do PS de que o representa e que seria melhor votar nela do que na permanência do atual Presidente da República”, afirma.

Sobre a ascensão dos partidos populistas, Vitalino Canas considera que essa responsabilidade “cabe à democracia”. “São os mecanismos da democracia que o permitem. Em quase todas as democracias avançadas há partidos populistas, com maior ou menor sucesso. Alguns existem há bastante tempo, apesar de só agora se dar por eles”, lembra.

O socialista considera que se enfrenta o populismo com as “boas armas da democracia”, sendo que uma delas é precisamente “o debate político arguto e corajoso, que só se faz com bons políticos, como António Costa, Pedro Nuno Santos, Pedro Passos Coelho, Rui Rio ou Jerónimo de Sousa”.

“Por isso, subscrever timoratamente uma estratégia de desvalorização e de condicionamento dos políticos é o pior atentado que se pode fazer à democracia e é o melhor adubo dos populistas”, acrescentou.

ZAP //

 

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