Aeroporto: ANA arrasa CTI

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ANA / VINCI Aeroportos

Projeto para novo Aeroporto no Montijo

A CTI “não pondera devidamente os riscos”. A comissão técnica foi “marcadamente optimista” sobre o novo aeroporto.

A comissão técnica independente (CTi) anunciou no mês passado que Alcochete é a solução com mais vantagem para o novo aeroporto de Lisboa.

A ANA – Aeroportos de Portugal pode perder a concessão do novo aeroporto se discordar da decisão do Governo.

No entanto, a ANA, que prefere o novo espaço no Montijo, discorda de muito do que está escrito no relatório da CTi.

A empresa “vê com muita preocupação os pressupostos” no relatório, sobretudo no que diz respeito “às projecções de tráfego no médio e longo prazo, aos prazos de construção das opções estratégicas (OE) e à metodologia utilizada para a avaliação económica” de cada solução.

A reacção, citada no Jornal de Negócios – que fala em “arraso” – alega que no relatório da comissão “existe um risco significativo das projecções de tráfego não se materializarem, dada a sua natureza marcadamente optimista“.

A CTi estima que haja entre 66 e 108 milhões de passageiros no novo aeroporto em 2050; é cerca de 2 a 3,5 vezes mais do que os números actuais e chega ao dobro de outras projecções já conhecidas.

“As conclusões da CTi podem resultar em importantes consequências no curto, médio e longo prazo”, lê-se no documento.

E há outro aviso: “A CTi não pondera devidamente os riscos de execução associados à linha de alta velocidade e à terceira travessia do Tejo, o que penalizaria as opções estratégicas que contemplam Alcochete, Vendas Novas e Santarém”.

A ANA acha que houve prazos de execução “subestimados” e que a comissão deveria ter estudos mais aprofundados, um plano director, licenças ambientais, entre outros.

Também foi “desconsiderado” que a ANA já tem um acordo com um consórcio de empresas de construção.

A empresa de aeroportos lamenta as “diversas inconsistências” na comparação entre as opções para o novo aeroporto. Indica que a comissão ignorou acessibilidades, impacto e custos de relocalização dos colaboradores que trabalham no Humberto Delgado.

Em relação a um aeroporto no Montijo, que a CTi indicou que só estaria pronto daqui a seis anos; a ANA garante que Montijo estaria pronto daqui a quatro anos.

“É pouco credível que todas as opções estratégicas apresentem um VAL (valor actual líquido) positivo”, acrescenta o documento, que repete a “sobrestimação” do VAL de todas as opções.

“Ao contrário do que conclui a CTi, todas as opções estratégicas aparentam apresentar um VAL negativo mesmo num horizonte temporal (2082) superior ao horizonte da concessão (2062), implicando um provável subsídio do Estado”.

Recorde-se que o próprio relatório preliminar da comissão admitiu que o estudo ficou condicionado pela metodologia. Apenas se consideram os benefícios da redução do tempo no acesso ao aeroporto, mas não os respetivos custos; esta limitação altera a avaliação relativa das opções estratégicas, beneficiando Alcochete e Vendas Novas.

O Ministério Público está a investigar 16 contratos por ajuste directo realizados pela comissão técnica. Há suspeitas de violação da lei contratação pública com a empresa de um dos elementos da CTI envolvida.

ZAP //

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1 Comment

  1. Claro que a ANA prefere o Montijo. Que, além de ser uma solução de curto prazo, foi arrasada por todas as organizações ambientalistas. Quanto aos acessos, não percebo qual é a vantagem de Montijo em relação ao Campo de Tiro (em Samora Correia, não Alcochete) ou a Vendas Novas. Esta última já tem caminho-de-ferro (Montijo não) e o CTA tem perto uma auto-estrada (A13) que liga quer à ponte do Carregado, quer à A2, quer a Santarém; e com facilidade em fazer também uma ligação à Ponte Vasco da Gama. Já um aeroporto no Montijo implica uma sobrecarga desta ponte e das vias circundantes a Montijo e Alcochete – ou a construção duma nova – pelo que não aí não tem vantagem sobre o CTA.

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