Alcochete em vantagem para receber novo aeroporto (e não precisa de financiamento público)

A comissão técnica independente (CTi) anunciou, esta terça-feira, Alcochete (Setúbal) como a solução com mais vantagem para o novo aeroporto, entre as duas opções viáveis, segundo o relatório hoje divulgado. Vendas Novas (Évora) é a outra opção viável. Os estudos estimam sete anos até à primeira pista num novo aeroporto e não será preciso financiamento público.

A opção que envolve o Campo de Tiro de Alcochete é identificada como a que apresenta mais vantagens, entre as duas soluções viáveis para um hub (aeroporto que funciona como plataforma de distribuição de voos) intercontinental, segundo o relatório publicado na página da CTI.

De acordo com o relatório preliminar da comissão técnica independente responsável pela avaliação ambiental estratégica para o aumento da capacidade aeroportuária da região de Lisboa, que estudou nove opções, são viáveis as soluções Humberto Delgado + Campo de Tiro de Alcochete, até ficar unicamente Alcochete com mínimo de duas pistas, bem como Humberto Delgado + Vendas Novas, até ficar unicamente Vendas Novas, também com um mínimo de duas pistas.

Já as opções Humberto Delgado + Montijo e Montijo como hub foram classificadas como “inviáveis para um hub intercontinental”, por razões aeronáuticas, ambientais e económico-financeiras “devido à sua capacidade limitada para expandir a conectividade aérea”.

Humberto Delgado + Santarém e Santarém como aeroporto único “não são opção por razões de navegação aérea”, apontou a CTI.

A coordenadora da Comissão, Rosário Partidário, disse que a construção do novo aeroporto não precisa de financiamento público: “Todas as opções são financeiramente viáveis, não sendo necessário financiamento público para a construção do novo aeroporto”, afirmou.

“Guarda partilhada” é inevitável

A CTI considera que o modelo dual é inevitável, até que se possa passar a um único aeroporto após fecho do aeroporto Humberto Delgado.

“Uma solução dual, inevitavelmente terá de avançar em primeiro lugar, a estratégia será sempre uma opção dual com um aeroporto complementar desejavelmente no local onde depois possa vir a tornar-se aeroporto único”, afirmou Rosário Partidário, presidente da CTI, sublinhando que o Aeroporto Humberto Delgado, na Portela, só poderá fechar quando houver uma outra infraestrutura com capacidade para o substituir.

Quanto ao fecho da Portela, a presidente da CTI considerou que não é urgente tomar a decisão neste momento, “embora se deva perspetivar o seu encerramento”, até porque o contrato de concessão com a ANA/Vinci configura a infraestrutura na Portela como aeroporto único e, “nesse caso, deverá fechar”.

“A conclusão que se tira do ponto de vista estritamente ambiental e de saúde publica é que o Aeroporto Humberto Delgado deve fechar, mas também é facto que a rentabilidade é um ativo financeiro fortíssimo, portanto fica aqui uma situação em que diríamos que depende do que for a evolução futura”, destacou a responsável, realçando que “um hub intercontinental funciona melhor em aeroporto único”.

Quanto à proximidade, “muito importante”, à cidade de Lisboa, Rosário Partidário apontou que “a ocupação territorial foi um pouco expansiva e não atendeu às reservas de espaço necessárias para vir a providenciar um novo aeroporto”.

O quadro de avaliação estratégica teve em conta “cinco fatores críticos” de decisão, nomeadamente segurança aeronáutica, acessibilidade e território, saúde humana e viabilidade ambiental, conectividade e desenvolvimento económico e investimento público e modelo de funcionamento.

Com a elaboração deste relatório final ficará concluído o mandato da CTI.

ZAP // Lusa

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