Um partido de “pensamento único”: ameaças e tensão na IL

António Pedro Santos / Lusa

Cotrim Figueiredo com Rui Rocha na convenção da Iniciativa Liberal

Revisão dos estatutos mostra – ainda mais – que não há paz interna na Iniciativa Liberal. Já houve demissão e podem haver mais.

A Iniciativa Liberal (IL) passa por um período atribulado, internamente, que tem sido ainda mais tenso por causa da – ainda provável – revisão de estatutos.

Esse processo está a decorrer mas ainda nem chegou à convenção do partido.

Mesmo assim, já originou a demissão do primeiro presidente da IL, Miguel Ferreira da Silva, que deixou o Conselho Nacional.

“Não reconheço autonomia e representatividade ao Conselho Nacional nesta proposta”, justificou, citado no jornal Observador.

A mesma proposta de revisão dos estatutos é “o movimento final de aniquilação do Conselho Nacional e procura concentrar mais poder na Comissão Executiva”, descreve José Cardoso, antigo candidato à liderança da IL – que ameaça deixar o partido “por uma questão de princípios”.

“Eu e muitas pessoas pensaremos se temos alguma coisa a fazer na IL. Vim para um partido liberal e não para um partido de pensamento único, em que meia dúzia de pessoas decidem pelas outras“, disse José Cardoso.

Um nome forte do partido, Tiago Mayan Gonçalves, alinha com estas críticas e também já ameaçou sair da Iniciativa Liberal: “Se houver aprovação em pleno da proposta do grupo estatutário, terei de reconsiderar em que partido estou”.

Internamente há outras acusações aos novos estatutos: irão criar um partido “mais fechado, menos transparente e com práticas políticas menos democráticas” – enquanto se sublinha que a Comissão Executiva terá ainda mais poderes.

Um dos pontos “quentes” da proposta são as inerências e consequente direito de voto da Comissão Executiva no órgão máximo entre convenções: prevê-se o aumento do número de conselheiros (de 50 para 75), a criação da Mesa da Convenção Nacional e a direcção passaria a não votar em assuntos onde tem responsabilidade directa.

Os militantes que elaboram a proposta de revisão alegam que o partido ficará “mais liberal e muito mais capaz e robusto para mudar o país”.

Esta nova liderança – Rui Rocha foi eleito sucessor de João Cotrim Figueiredo – tem sido acusada de pouca democracia interna na IL.

ZAP //

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