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Aliança entre cartéis mexicanos e laboratórios europeus ilegais pode potenciar consumo de metanfetamina

As mudanças na cadeia internacional de fornecimento de cocaína e uma nova aliança em potencial entre cartéis de drogas mexicanos e laboratórios europeus ilegais podem potenciar o consumo de metanfetamina na Europa.

Segundo um artigo da editora de política do Conversation, Laura Hood, publicado na segunda-feira, outros membros da família das anfetaminas são usados ​​na Europa há anos, tanto na área da medicina – metilfenidato no tratamento do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade – como enquanto droga recreativa – “speed”.

A metanfetamina produz efeitos intensos e tem uma maior duração de ação comparativamente a outras drogas. Também conhecida cristal ou gelo, é provável que o uso regular danifique o cérebro ou afete a saúde mental. A sua produção ilícita tem também um alto custo ambiental, devido aos resíduos químicos.

Segundo Laura Hood, o uso de metanfetamina na Europa tem sido até agora bastante limitado. Na Inglaterra e no País de Gales, por exemplo, apenas 15 mil pessoas relataram usar a droga em 2018-19. Em contraste, 976 mil pessoas relataram usar cocaína e cerca de meio milhão ‘ecstasy’.

Essa realidade é muito diferente da norte-americana e da asiática. No leste e no sudeste da Ásia, o comércio de metanfetamina é estimado em 61 mil milhões de dólares (cerca de 54 mil milhões de euros) por ano, tendo quadruplicado em cinco anos. A oferta aumentou devido à intensa produção na região, o que melhorou a qualidade e reduziu os preços.

Alguns relatórios sugerem que o preço da coca, o ingrediente bruto da cocaína, está a cair, o que pode ameaçar os suprimentos futuros, visto os cultivadores da América do Sul podem optar pelo cultivo de produtos alternativos.

Essa lacuna pode beneficiar os fabricantes de metanfetaminas que desejam se expandir para a Europa. Historicamente, a produção desta droga no continente tem sido local, atendendo a pequenos mercados domésticos ou exportando para regiões mais lucrativas, como Ásia-Pacífico e o Médio Oriente.

Agora, indicou Laura Hood, os dados apontam para um crescente interesse pela Europa por parte de grupos de crime organizado mexicanos.

Vários relatórios da Holanda sugerem igualmente que laboratórios que produzem grandes quantidades de ‘ecstasy’ estão a migrar para a produção de metanfetamina. Exemplo disso é um laboratório móvel de metanfetamina encontrado num barco atracado nas docas de Roterdão. Segundo o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, as apreensões dessa substância também aumentaram na Europa.

Laura Hood referiu que a crise económica originada pelo coronavírus tem efeitos nos gastos dos consumidores e na escolha das atividades de lazer. Num momento como este, a relação entre o custo e o benefício no mercado de drogas é tão importante como na restante economia, frisou. O efeito mais duradouro da metanfetamina, a queda dos preços e a qualidade da produção europeia pode torná-la seriamente competitiva.

A escassez de drogas, ou a chegada das sintéticas, levam os consumidores a substituir uma variedade por outra. E embora prever o que acontecerá no mercado de drogas não seja uma ciência exata, as mudanças na cadeia global de suprimentos e os efeitos da pandemia fornecem as condições para o aumento do fornecimento e do consumo de metanfetamina, indicou ainda a editora.

ZAP //

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