Depois do dióxido de carbono, o metano é o que mais contribui para o aquecimento climático. Por isso, os cientistas têm dedicado muita atenção a analisar uma das suas principais fontes: as emissões do gado.
Em 2016, um estudo levado a cabo na Austrália permitiu descobrir que alimentar ovelhas com uma espécie de alga vermelha chamada Asparagopsis taxiformis eliminou as emissões de metano em 80%.
Agora, uma equipa de cientistas do Agricultural Systems and Microbial Genomics Laboratory (ASMG) e da Pennsylvania State University decidiu avaliar como é que esta alga altera o microbioma no rúmen, um compartimento do estômago de uma vaca.
Para isso, os cientistas dividiram 20 vacas em quatro grupos: um que recebeu uma alta dose de Asparagopsis taxiformis; outro com uma dose baixa desta alga vermelha; o terceiro recebeu apenas uma dieta à base de oregãos, que também inibe a formação de metano; e um grupo de controlo.
Durante 28 dias, os investigadores foram alterando a alimentação das 20 vacas, de modo a que todas experimentassem as quatro dietas. No fim do estudo, descobriram que a dieta que continha uma dose alta de Asparagopsis taxiformis inibiu as emissões de metano em 55% nos dois primeiros períodos, ainda que o efeito fosse de curta duração.
Segundo o EurekAlert, nos dois primeiros períodos de 28 dias, a alta dose de algas marinhas levou a uma eliminação quase total de Methanosphaera, um micróbio que usa hidrogénio para reduzir metanol a metano, no rúmen.
O tratamento com algas marinhas não teve o mesmo efeito noutros micróbios que produzem metano, o que leva os cientistas a acreditar que Methanosphaera desempenha um papel importante na formação de metano.
Este estudo também explorou a atividade de enzimas envolvidas na metanogénese, o processo de produção de metano como subproduto do metabolismo energético, tendo descoberto que as enzimas envolvidas nessa via foram reduzidas, em comparação com o grupo de controlo, quando as vacas foram alimentadas com a alga.
Apesar de estarem à espera de encontrar efeitos indiretos decorrentes desta ingestão sobre as bactérias da microbiota, os investigadores também encontraram efeitos diretos menos esperados.
Por exemplo, os tipos de bactérias que produzem butirato, um ácido gordo de cadeia curta que serve como fonte de energia para vacas, aumentaram significativamente em animais alimentados com algas marinhas em comparação com o grupo de controlo.
Os investigadores querem entender melhor o teor de nutrientes das algas marinhas e quais os seus efeitos antimicrobianos para compreenderem o impacto da inclusão de diferentes concentrações de algas marinhas na dieta animal.
Os resultados foram publicados num artigo científico disponível na mBio.