O Senado do Alabama aprovou esta terça-feira um diploma que proíbe o aborto naquele estado norte-americano em qualquer fase da gravidez, mesmo em casos de violação ou incesto.
A única exceção prevista na lei — que ainda precisa da assinatura da governadora do estado, a republicana Kay Ivey, para entrar em vigor — é para situações em que a vida da mãe esteja em perigo.
Se para a mulher que aborte não está prevista qualquer responsabilidade criminal, para um médico que efetue a interrupção da gravidez a pena poderá ir até aos 99 anos de prisão. A notícia é avançada pelo The New York Times.
Há cerca de um mês, a Câmara dos Representantes do Alabama já tinha aprovado o diploma que agora obtém luz verde do senado. Para entrar em vigor, falta apenas que a governadora Ivey lhe acrescente a sua assinatura.
Kay Ivey é republicana e a posição do seu partido é contrária à despenalização do aborto. Apesar de a própria não ter publicamente tomado uma posição sobre o assunto, a convicção dos seus colegas de partido é que ela aprove o diploma.
A lei agora aprovada é um desafio à jurisprudência criada pelo caso Roe versus Wade e à decisão subsequente do Supremo Tribunal. Jane Roe (nome fictício) alegava ter ficado grávida na sequência de uma violação e exigia em tribunal o seu direito a interromper a gravidez. O tribunal deu-lhe razão, mas recusou-se a alterar a lei.
Depois de sucessivos recursos — e já depois de a filha de Roe ter nascido e de ser entregue para adoção — o Supremo Tribunal reconheceu, em 1973, o direito de Jane Roe a interromper a gravidez.
O juiz Harry Blackmun considerava mesmo que grande parte das leis norte-americanas contra o aborto violavam o “direito constitucional à privacidade” e esta decisão obrigou a rever todas as leis federais e estaduais contrárias à deliberação do Supremo Tribunal. Atualmente, na maioria dos estados, a lei permite a interrupção da gravidez até à 20.ª semana a pedido da mulher.
Desde que Donald Trump chegou à Casa Branca que grupos de ativistas, políticos e religiosos, tentam reverter a decisão do caso Roe vs. Wade e vários estados têm vindo a aprovar leis antiaborto.
Antes do Alabama, logo no início de maio, foi a Geórgia a proibir a interrupção da gravidez a partir do momento em que o feto tenha batimento cardíaco, o que acontece por volta das seis semanas. Com esta decisão, a Geórgia junta-se ao Mississippi, Kentucky e Ohio onde também foram aprovadas leis semelhantes.
Acreditem, são os que se posicionaram em um pedestal declarando aos subalternos que suas ordens terão que serem cumpridas se quiserem continuar se usufruído da vida.