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“Ajudem-nos a entender porquê”: Bombeiros exigem respostas ao Governo

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Nuno André Ferreira / Lusa

Bombeiros tentam combater o fogo em São Pedro do Sul, Viseu

A Liga dos Bombeiros Portugueses quer respostas. Sobre o incêndio que fez 64 mortes e mais de 200 feridos, que demorou mais de uma semana a ser extinto, os Bombeiros exigem ao Governo respostas urgentes e objetivas.

A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) elaborou uma lista com 28 perguntas sobre os incêndios que atingiram Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos. Para estas, a LBP exige respostas claras, urgentes e objetivas, não só do Governo, mas também da Proteção Civil, INEM, Polícia Judiciária, entre outras entidades.

O documento, entitulado “Ajudem-nos a entender porquê“, é considerado pela Liga como fundamental “para que se possam retirar conclusões rigorosas sobre o ocorrido em Pedrógão Grande”.

A LBP anunciou, em comunicado, que enviou o conjunto de perguntas ao Presidente da República, ao Governo, grupos parlamentares, Comissão Independente criada para apurar os factos relativos ao incêndio de Pedrógão Grande e à Universidade de Coimbra.

As 28 perguntas, que vão desde o funcionamento do Posto de Comando, aos meios de socorro, Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS), resposta da Proteção Civil, evacuações ou meios aéreos.

A LBP quer saber, entre outras questões, se foi instalado algum gabinete de crise, por que razão e quem era o seu responsável, como e quem fez a receção às individualidades presentes ou por quem foi instalado o posto de comando, além de querer saber quem assumiu o posto de comando, quem fez a avaliação inicial do incêndio ou qual a estratégia inicial.

Sobre os meios de socorro, pergunta por quem foram acionados, se foram ativados meios aéreos de coordenação, querendo saber igualmente informações sobre o CDOS, desde a hora de chegada ao posto de comando do primeiro elemento da estrutura operacional até ao ponto da situação do incêndio no momento da passagem de testemunho.

Questiona se o presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) esteve presente e a que horas chegou ao teatro de operações, se foi a ANPC ou o CDOS a assumir o comando ou porque “demorou tanto tempo a definição de setores”.

Pergunta sobre as evacuações, os planos municipais de emergência, se existem naqueles municípios Planos Operacionais Municipais e respetivos Gabinetes Técnicos Florestais.

Por outro lado, quer saber a que horas chegaram as forças de segurança, quais é que estiveram no teatro de operações entre os dias 17 e 18 de junho e com quantos operacionais, fazendo perguntas semelhantes relativamente às Forças Armadas.

Relativamente ao SIRESP, a Liga dos Bombeiros quer saber em que altura surgiram os problemas.

As perguntas dizem também respeito ao INEM, Polícia Judiciária, avisos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), postos de vigia, bermas da estrada e distâncias de contenção, bem como à alegada queda do avião canadair.

Quer também saber por que razão foram alteradas as zonas envolventes aos postos de comando, pergunta pelo acidente com a viatura de bombeiros, quando começou a desmobilização de meios, além de várias perguntas sobre as vítimas mortais resultantes dos incêndios.

Por último, a LBP, questiona se destas perguntas se pode concluir que houve a falência do sistema da proteção civil, ausência de coordenação, incompetência do comando, falta de organização da floresta, falta de políticas concretas para o setor florestal e agrícola, irresponsabilidade coletiva ou falência do Estado.

ZAP // Lusa

9 Comments

  1. Que piada… Perguntas ao governo e ao presidente da republica???
    O governo e o PR é que tem de responder a estas perguntas querem ver???
    Que ridículo…
    Além do mais, a frase: “ajudem-nos a entender porquê” parece-me mais um pedido e não uma exigência, mas para os meios de comunicação social é mais lucrativo demonstrar exigências, atritos, guerras e choques entre organismos… é isso que vende!

  2. Não são ‘os bombeiros’, mas sim um tontinho do PSD (e do Benfica), que insiste em dizer barbaridades em nome dos bombeiros!!!
    É triste ver este palerma constantemente a fazer cenas…….

  3. Fazer perguntas ao governo sobre tudo isto quando o mesmo pouco se demonstrou sentido com tal situação e o próprio 1º ministro foi de férias quando essas gentes viviam uma situação tão dramática parece-me ser tempo perdido e jamais terão resposta séria e concreta sobre tal assunto, se ao menos ainda houvesse capacidade do governo para se sentar à volta de uma mesa para discutir com os intervenientes, técnicos, autarcas e partidos sobre o futuro a tomar acerca da floresta mas infelizmente parece já ter caído na asneira de fazer uma lei à pressa cozinhada com o BE ignorando todos os outros e que há partida estará condenada ao fracasso tanto pelas meias medidas tomadas como assim que o país mude de governo irem para o caixote do lixo e pior ainda se o novo governo optar pelo mesmo critério vamos perder anos sem solução à vista.

  4. Não entendo de todo esta “problemática” dos incêndios!!! Ouve-se falar em “política florestal”, ouve-se falar em “ordenamento”, ouve-se falar em “descoordenação” das entidades operacionais (Proteção Civil, INEM, Polícia Judiciária, Bombeiros, etc), ouve-se falar dos “incendiários” (sem dúvida que existem, mas na maior parte dos casos com problemas mentais ou de alcoolismo), ouve-se falar em SIRESP, no excelente negócio que foi (e continua a ser!) para alguns, porque foi mal projectado, mal dimensionado, mal gerido e mal mantido, vendido “gato por lebre”, e vendido “ferro ao preço de ouro”, e já ouvi mesmo “explicar” o significado da sigla – Sistema Incapaz de Responder Em Situações de Perigo (mas acho que não deve ser verdade!).
    Mas há uma coisa que eu nunca (ou quase nunca) ouvi falar: a detecção precoce de incêndios!!! Nenhum incêndio começa instantaneamente em dezenas de hectares. Todos começam pequenos, e todos começam numa fase em que se apagam com “um balde de água”! E porque não ouço falar neste tema? Até porque há soluções de detecção quase automática e com pouca intervenção humana! Montar uma rede de detecção precoce de incêndios, com câmaras de vigilância ópticas e de infra-vermelhos, com sistemas automáticos de detecção, apoiados por vigilância humana, custaria algum dinheiro! Mas muito menos do que o que custou o SIRESP! Muito menos do que os custos directos e indirectos dum único incêndio! Muito menos do que todos os meios mobilizados para combater um único incêndio! Num sistema deste tipo se houvesse um alarme de início de incêndio, bastava lá ir um helicóptero com “um balde de água” e o assunto “morria” ali! O que ouvi dizer (mas não posso acreditar que seja verdade!) é que a detecção precoce de incêndios é pouco interessante economicamente. Não interessa a quem lucra com o resultado dos incêndios, madeira e etc! Não interessa às empresas que fornecem meios aéreos de combate! Não interessa aos próprios bombeiros, porque já ouvi dizer que é mais interessante para estes os “incêndios grandes”, porque têm de se deslocar para fora da sua área, e isso rende mais! Já ouvi dizer todas estas coisas, e ainda mais algumas… mas não acredito que seja verdade! Sou ingénuo e ainda acredito nas pessoas! Tenho a certeza que se nunca se falou nisto… é porque ainda ninguém se lembrou!

    • Oh Nuno, lamento ter que ser eu a dar-lhe este desgosto, mas acho que é melhor começar a pensar que, se calhar, é mesmo verdade. Tudo, tudinho…

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