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Ajuda humanitária a Moçambique está a ser desviada. Governo reforça fiscalização

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Josh Estey / EPA

As autoridades moçambicanas admitem que os bens enviados para ajudar as vítimas do ciclone Idai estão a ser desviados. O Governo vai reforçar a fiscalização e promete uma punição exemplar.

Face a relatos de roubo de alimentos e de desvios de donativos para as vítimas do Idai, autoridades moçambicanas prometem fiscalização apertada e punição exemplar. As queixas chegaram diretamente ao gabinete do Presidente da República, Filipe Nyusi, que esteve na Beira a semana passada, a zona mais afetada pelo ciclone.

“As reclamações vão continuar sempre enquanto não conseguirmos otimizar aquilo que estamos a fazer. Como podem imaginar, este é um processo absolutamente complexo… temos estado a desdobrar em tudo que é possível para assegurar que estes mecanismos funcionem e que os produtos cheguem aquelas pessoas que precisam”, informou, em conferência de imprensa, a diretora-geral do Instituto Nacional de Gestão das Calamidades de Moçambique.

“Neste processo naturalmente algumas coisas que não estão ao nosso alcance podem acontecer. O que temos estado a apelar a sociedade é que nos ajudem a monitorizar, ajudem-nos a controlar, ajudem-nos a vigiar e deem-nos informação concreta sobre se há elementos de prova que digam que as pessoas estão a roubar, que é para nós agirmos”, continuou Augusta Maita.

No mesmo dia, e sobre o mesmo assunto, falou o secretário-geral da Frelimo. “Aqueles que meterem mão naquilo que as organizações e pessoas de bem estão a doar para mitigar o sofrimento da população serão levados a tribunal e punidos exemplarmente“, declarou Roque Silva, citado pelo Diário de Notícias.

O responsável apelou ainda à sociedade moçambicana e à comunidade internacional para intensificarem as ajudas às vitimas do desastre, sublinhando ter ficado muito triste com as imagens de destruição que o assolaram após o ciclone Idai.

Em Lisboa, na terça-feira à noite, mais de quatro dezenas de artistas juntaram-se num concerto solidário no Capitólio. O evento foi organizado pela cantora moçambicana Selma Uamusse e contou com transmissão na RTP. O Presidente da República português e o embaixador moçambicano em Lisboa também marcaram presença.

Segundo o DN, ao longo de todo o dia, através de uma linha telefónica de valor acrescentado, foram reunidos mais de 300 mil euros em donativos. A linha vai permanecer ativa até dia 5 de abril.

Os donativos serão entregues a oito organizações no terreno e todas elas tivera de assinar uma carta de compromisso público na qual garantem uma gestão transparente e eficaz de todo o dinheiro que receberam. Além disso, comprometem-se ainda a realizar uma auditoria e um relatório final a esclarecer onde foi gasto todo o dinheiro.

Na segunda-feira, foi criada uma comissão independente que, nos próximos três meses, vai liderar o processo de distribuição de mantimentos aos deslocados. Desta comissão fazem parte uma empresa de ramo logístico contratada na Beira e o Programa Alimentar Mundial (PAM), que trabalha em coordenação com o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).

Além disso, na quarta-feira, o Parlamento moçambicano aprovou a criação de um grupo de trabalho, formado por deputados, para avaliar a transparência da assistência às vítimas do ciclone Idai. O grupo será formado por deputados da Comissão dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade e pela Comissão dos Assuntos Sociais, do Género, Tecnologias e Comunicação Social.

Na Beira estão também peritos para aferir o nível de destruição daquela que é a segunda maior cidade de Moçambique. Com o trabalho de peritagem pretende-se criar um banco de dados sobre as destruições provocadas pelo ciclone com vista a planificar os investimentos nas áreas prioritárias.

ZAP //

6 Comments

  1. E esperavam o quê ? Que fosse diferente do que acontece noutros lados ou mesmo em Pedrógão ?
    Por isso é que ajudo sim sempre no que puder mas pessoalmente e com garantia de estar a ser bem entregue.
    Num país africano e conhecendo a população “dos espertos” de Moçambique e Angola não esperava ler ou ouvir outra coisa.

  2. Não estava á espera de outra coisa. No continente Africano já uso e abuso deste tipo de situações. Admirado fiquei quando me apercebi que em Portugal também se passa o mesmo, em tudo que é instituições, Pedrogão enfim um sem numero de situações que o ser humano é capaz, que NÂO tem coração, não tem humanidade. Voltamos á pré-história em mt aspectos. O homem está mt PIOR …

  3. Os homens do regime precisam ser bem alimentados, por cá é o que sabemos imagine-se em África! É por isso que eu cada vez menos hei-de contribuir, já é difícil acreditar em alguém!

  4. “I daí”, qual é a novidade?
    Não conheço donativos que não sejam desviados parcial ou totalmente.
    Só escapam aqueles que são entregues em mão, e mesmo esses não sei se “alguém” não mete a “mão”.

  5. Há que estabelecer normas rígidas para quem recebe e faz seguir os donativos, para que chegue a bom porto e minimize os dias de sofrimento de crianças e adultos. Não aceito que pessoas fiquem com, desviem, vigarizem, sem qualquer respeito pelo ser humano

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