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Agência da ONU para os refugiados palestinianos está sem dinheiro para salários

Abed Al Hashlamoun / EPA

A agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA) admitiu ESTA SEGUNDA-FEIRA que não pode pagar os salários aos seus funcionários devido à crise financeira que atravessa desde a suspensão da ajuda dos EUA.

A agência diz que precisa de cerca de 60 milhões de euros até ao final do mês para pagar integralmente os salários de 28 mil funcionários, mas mostrou-se otimista relativamente à hipótese de os Estados Unidos voltarem a apoiar a organização, com a recente eleição do democrata Joe Biden para a presidência.

“Apesar dos nossos esforços para encontrar meios necessários para preservar os nossos projetos humanitários e de desenvolvimento, é com grande pesar que informei as nossas equipas de que não temos fundos suficientes para honrar o compromisso de lhes pagar os salários este mês”, anunciou o diretor-geral da UNRWA, Pierre Lazzarini.

“A agência precisa de arrecadar 70 milhões de dólares (cerca de 59 milhões de euros) até ao final do mês (de novembro), para poder pagar os salários de novembro e dezembro”, acrescentou Lazzarini, citado em comunicado.

A organização, responsável por administrar escolas e fornecer ajuda médica a quase seis milhões de refugiados palestinianos na Jordânia, Líbano, Síria, Cisjordânia ocupada e faixa de Gaza, “nunca recuperou” do fim da ajuda financeira dos Estados Unidos.

Em 2018, Washington, até então o principal financiador da organização, suspendeu a sua ajuda financeira anual de 300 milhões (cerca de 250 milhões de euros), alegando que a agência tinha terminado a sua missão, 70 anos após o conflito israelo-árabe.

Em maio, Joe Biden, na altura candidato democrata à Casa Branca, e agora Presidente eleito dos EUA, prometeu que, se vencesse as eleições, restauraria a ajuda aos palestinianos. “A agência está muito otimista com o regresso do apoio americano”, disse Tamara Alrifai, porta-voz da UNRWA, poucos dias após a eleição do democrata para a Casa Branca, explicando que teve “contactos próximos com a equipa de campanha de Biden”, que terá compreendido a utilidade da organização para a “estabilidade da região”.

Mais de 700.000 palestinianos foram expulsos ou fugiram das suas terras, entre abril e agosto de 1948, quando o Estado de Israel foi estabelecido, adquirindo o estatuto de refugiados.

Israel e os Estados Unidos, durante o Governo do republicano Donald Trump, opuseram-se à pretensão de os palestinianos nessa condição passarem o estatuto para os filhos, procurando reduzir o número de pessoas sob ajuda da UNRWA, o que o Estado da Palestina considera ser uma violação dos seus direitos.

No início de maio, a agência das Nações Unidas pediu uma ajuda de emergência de quase 100 milhões de euros para responder às consequências sociais e económicas da pandemia de covid-19, que ainda não foi atendida.

// Lusa

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