Afinal, salário mensal de Sérgio Figueiredo será mais alto que os dos ministros

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Mário Cruz / Lusa

Especialistas em Direito Constitucional e Políticas Públicas questionam o cumprimento do “princípio da eficiência” da contratação. 

Afinal, a remuneração de Sérgio Figueiredo, novo consultor do Governo, deverá ultrapassar a do ministro que o contratou, Fernando Medina, no que respeita ao salário base.

De acordo com a minuta do contrato divulgado pelo Ministério das Finanças, o antigo jornalista receberá o equivalente a 5832 euros mensais (139.990 euros brutos em dois anos), um valor superior aos 4767 euros que os ministros recebem mensalmente.

Esta informação contradiz a avançada pelo jornal Público, após contacto com o mesmo Ministério das Finanças, em que se dava conta de que Sérgio Figueiredo receberia uma “remuneração equiparada e limitada ao vencimento base do ministro”.

A diferença entre o valor inicialmente avançado e o agora divulgado é justificada com o facto de o consultor, como prestador de serviços, só receber durante 12 meses por ano e não 14, como os ministros. No entanto, o valor de 5.832€ x 12 (69.984€) continua a ser superior ao valor de 4.767€ x 14 (66.738 €).

Paralelamente, o salário também terá que ter em conta o valor equivalente da remuneração da representação que recebem atualmente os subsecretários de Estado, escreve o Público. O jornal avança ainda que, aos 140 mil euros referentes aos 24 meses em que trabalhará como consultor, acresce ainda o “IVA à taxa legal em vigor”, ou seja, 23%, o que representa 32.798 euros.

Como tal, Sérgio Figueiredo só terá um salário mensal bruto superior ao dos ministros caso não se some aos salários ilíquidos a que os ministros auferem as respetivas remunerações mensais de representação e os 13.º e 14.º meses.

Apesar de já ter sido anunciada há dois dias, a contratação de Sérgio Figueiredo, antigo diretor de informação da TVI e ex-administrador da Fundação EDP, continua a ser alvo de polémica, com alguns constitucionalistas e especialistas em políticas públicas a questionar o cumprimento do “princípio da eficiência” a que estão sujeitas as entidades públicas na sua gestão financeira. Como tal, Jorge Bacelar Gouveia, defende a fiscalização da contratação por parte do Tribunal de Contas.

Já Susana Peralta, economista e colunista do Público, destaca que a contratação consiste na “duplicação de funções”, uma vez que já existem outros serviços no Governo, inclusive no Ministério das Finanças, para fazer esse tipo de avaliação e análise, dando o exemplo do Centro de Competências de Planeamento, de Políticas e de Prospetiva da Administração Público (o PlanAPP) ou do Gabinete de Estudos e Relações Internacionais e ainda do gabinete de estudos e estratégia no Ministério da Economia.

Esta manhã foi também conhecida a notícia de que uma empresa de Sérgio Figueiredo foi contratada pela Câmara de Lisboa, no âmbito de uma campanha de comunicação destinada a dinamizar os estabelecimentos de comércio tradicional e de restauração e bebidas. O serviço, avança a Sábado, levou 13 dias a executar e terá tido um custo para a autarquia de 30 mil euros. O trabalho incluiu testemunhos de figuras públicas, gravados nos telemóveis das próprias, sendo Margarida Pinto Coreia, namorada e sócia de Sérgio Figueiredo, uma das participantes.

De acordo com a mesma publicação, a Câmara de Lisboa abriu uma Consulta Prévia para a aquisição dos serviços, apesar de no Portal Base dos contratos públicos não ser feita qualquer referência sobre as empresas avaliadas para a adjudicação do trabalho.

ZAP //

11 Comments

  1. Pois é, depois dizem que o salário médio em Portugal é de mil e quatrocentos e tal euros.
    Paguem salários decentes a quem ganha muito e vejam para quanto desce o salário médio…
    Mas a questão principal é outra: por que razão contratar esse senhor? Não haverá no Ministério das Finanças técnicos capazes ou mesmo mais capazes do que ele? Ou será que antes da competência está o amigalhanço? São apenas interrogações.
    Uma coisa é certa: os membros dos governos não gostam dos funcionários públicos que rondam os seus gabinetes, Veem-nos como adversários e/ou espiões. Isso é velho.

  2. Pois…um ministro das finanças que não acredita nos funcionários que tem e vai buscar o amigalhaço com salário exorbitante e vergonhoso num país à beira da bancarrota e com contribuintes de classe média a passar fome….VERGONHA

  3. Jovens deste Pais Se estão a pensar fazer carreira politica Pensem bem pois a vossa familia e amigos vão morrer à fome, dado que não vão poder ter empregos nem no publico nem no privado, porque se os tiverem são sempre porque teem um familiar ou amigo na politica e não porque sejam competentes para o cargo
    Vai passar a ser assim
    PSD no poder-é tudo despedido para empregar gente do PS
    PS no poder- é tudo despedido para empregar gente do PSD
    È isso que querem?

  4. tá tudo certo… qual a duvida? é preciso pagar favores…
    até receberam pouco!!! tiveram que usar os telemóveis dos proprios para gravar dado, não terem certamente, equipamento fotográfico para tal!!!

    Só convém ver se os testemunhos são reais pois essa senhora já não é a 1.ª vez que é associada a plágio…

    • Caro leitor,
      Convém também, quando comenta, certificar-se de que não confunde nomes de pessoas — sob pena de estar a usar a sua liberdade de expressão para passar a linha que separa o comentário da calúnia.

  5. Já não é oligarquismo, mas xupismo!
    E depois não há dinheiro para a saúde e educação… como !?
    O Medina está no lugar e cargo errado…
    Já deixaram de ter o meu voto de confiança, confesso….

    • E a menina que nos proibiu de comer bacalhau à Brás? Fiquei com depressão por causa disso, e ninguém me atende no hospital… SNS, Marta Temido… é só borrada.

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