Afinal, os aviões modernos são cada vez menos amigos do ambiente

Numa altura em que em os meios de transporte são construídos com cada vez maiores preocupações com o ambiente, a indústria da aviação está a fugir à regra: os voos das aeronaves modernas emitem mais rastos do que os criados pelos aviões mais antigos.

Os aviões comerciais modernos, que voam a grandes altitudes, estão a criar rastos com impacto no aquecimento no planeta com maior duração do que os aviões antigos.

Embora os aviões modernos emitam menos carbono do que os aviões antigos, podem estar a contribuir de forma mais acentuada para as alterações climáticas através dos rastos de fumo.

Num novo estudo, publicado esta quarta feira na Environmental Research Letters, os investigadores utilizaram machine learning para analisar dados de satélite relativos a mais de 64.000 rastos de aviões que sobrevoaram o Oceano Atlântico Norte.

Segundo o EurekAlert!, os aviões modernos que voam a mais de 12 quilómetros, como o Airbus A350 e o Boeing 787, criam mais rastos do que os aviões comerciais de passageiros mais antigos.

Estes aviões são concebidos para voar a altitudes mais elevadas, onde o ar é mais rarefeito e a resistência aerodinâmica é menor, em comparação com os aviões comerciais mais antigos, que voam a 11 quilómetros.

No entanto, apesar destes gerarem menos emissões de carbono por passageiro, os seus rastos demoram mais tempo a dissipar-se — criando um efeito de aquecimento durante mais tempo.

“A consequência não intencional deste facto é que estes aviões que sobrevoam o Atlântico Norte estão agora a criar mais rasto de gases, que duram mais tempo, retendo mais calor na atmosfera e aumentando o impacto da aviação no clima”, explica o primeiro autor de estudo, Edward Gryspeerdt.

Os investigadores também descobriram que os jatos privados criam mais rastos do que se pensava anteriormente, aumentando as preocupações sobre o uso excessivo destes aviões.

Tal como os aviões comerciais modernos criam mais poluição em comparação com os aviões comerciais antigos, as elevadas altitudes a que voam os jatos privados implicam rastos químicos de maiores dimensões.

Este estudo sublinha o impacto climático das aeronaves que operam a grandes altitudes, sem emissões de CO2, principalmente devido aos rastos persistentes que produzem.

Esta descoberta traz novas preocupações sobre o impacto climático causado pelos jatos privados — e mostra a importância de mudar para combustíveis que produzam menos partículas de fuligem.

Soraia Ferreira, ZAP //

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