Afinal, o que distingue o Livre e o BE? A Defesa e a defesa

ZAP // Tiago Petinga, Miguel Pereira da Silva / Lusa

São poucas as ideias em que o Livre e o Bloco de Esquerda não convergem. Mas, no que toca à Defesa e à defesa da União Europeia, a história é diferente.

Mariana Mortágua e Rui Tavares estiveram frente a frente, na SIC Notícias, na noite desta segunda-feira, num debate de pré-campanha para as eleições legislativas de 18 de maio.

O líder do Livre voltou a falar na “plataforma onde cabem vários partido”, apelando ao consenso entre os partidos de esquerda.

Tavares defendeu, por exemplo, a imposição de leques salariais que determinem um rácio entre o salário mais baixo e o salário mais alto dentro de uma empresa para acabar com “diferenciais absolutamente obscenos, que criam uma casta à parte de CEOs para quem verdadeiramente nem o céu é o limite”.

A líder do Bloco manifestou-se a favor destes leques salariais, propondo ainda que empresas como a do sector do têxtil, que entrem em falência, passem para as mãos dos trabalhadores, através de apoio estatal.

Discórdia na defesa e na Defesa

Mas entre Livre e BE não há só convergências. Desde logo, na defesa da União Europeia (UE).

Tavares quis logo demarcar-se de Mortágua, quanto à “convicção europeísta”, utilizando posições dos fundadores do BE sobre a UE para se distanciar daquele partido.

Mariana Mortágua contrapôs logo de seguida, advertindo que o BE “sempre se assumiu como um partido europeísta de esquerda”. No entanto, salientou que não deixa de criticar posições da Comissão Europeia.

Gostar da Europa é poder criticá-la quando ela joga contra si própria. Esse espírito crítico é importante”, argumentou.

Na resposta, Tavares – que foi eurodeputado independente eleito pelo BE entre 2009 e 2011, e abandonou o cargo em desacordo com o então líder Francisco Louçã, – lembrou uma frase de um dos fundadores bloquistas e atual cabeça-de-lista por Leiria, Fernando Rosas, em 2016.

“Quando foi o referendo do ‘Brexit’ lembro-me de ouvir o Fernando Rosas a dizer que não se devia chorar uma lágrima pelo fim da União Europeia. É uma diferença histórica grande”, atirou.

Tavares continuou, argumentando que o Livre “nunca defendeu a saída do euro” e que Francisco Louçã, outro fundador bloquista e cabeça de lista nestas eleições por Braga, “escreveu um livro”, lançado em 2014, intitulado Solução – Novo Escudo. O que Fazer no Dia Seguinte à Saída de Portugal do Euro.

“Putin não é uma gripezinha”

Noutro ponto do debate, e fazendo alusão à Guerra na Ucrânia e ao investimento na Defesa, Mortágua salientou que o BE rejeita o investimento armamento, lembrando que o Livre é a favor.

“Não me parece que a esquerda possa aceitar que o projeto económico da Europa seja o armamento”, considerou.

A coordenadora do BE rejeitou que a UE se “endivide até aos dentes” para investir em armamento e considerou errada “a ideia de que Putin vem num tanque montado e que nos vai entrar pela fronteira espanhola”.

Tavares, por seu turno, afirmou que é errado pensar que “Putin é uma gripezinha, como dizia Bolsonaro da covid-19”, e considerou que a europa tem que investir em defesa.

Apesar desta posição, o líder do Livre sublinhou que a transição ecológica e os investimentos sociais não podem ser postos em causa.

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.