As palavras da ministra da Justiça, num tom invulgar, continuam a dar que falar. Foi uma “janela de ar fresco”.
A ministra da Justiça quer claramente um virar de página no Ministério Público e quer que Lucília Gago deixe de ser Procuradora-Geral da República.
A entrevista ao Observador teve críticas directas a Lucília Gago, que foi acusada de não ter capacidade de liderança.
Rita Júdice quer alguém novo na liderança da Procuradoria-Geral da República. Tem havido muitas críticas ao Ministério Público. “Justas ou injustas, a verdade é que o Ministério Público está exposto a muitas críticas e alguém terá de pôr ordem na casa“, justificou.
Na noite passada, o Ministério da Justiça assegurou que a ministra não quis mostrar qualquer intenção de interferir com a autonomia do Ministério Público ou com a independência do poder judicial. Estava apenas a “olhar para o futuro”.
“Quando se diz ‘arrumar a casa’ sinaliza-se que em breve se vai iniciar um novo ciclo que contribua para a dignificação da Justiça, eliminando o ambiente de crispação e de tensão causado pelas polémicas e controvérsias em torno das instituições judiciárias, mesmo que, por vezes, sem fundamento”, lê-se em esclarecimento enviado à agência Lusa.
Entre diversas reacções, surgiu a de José Cunha Rodrigues. O antigo Procurador-Geral da República afirmou na SIC Notícias que os problemas “não começaram agora” e era “previsível que isto acontecesse”.
“O conceito de hierarquia está dissolvido. Criaram lugares hierárquicos por tudo quanto é o Ministério Público e hoje não se sabe bem quem decide, quem dá ordens, quem não dá“, continuou Cunha Rodrigues.
Por isso, considera que “é um erro concentrar todas as críticas no Ministério Público”.
Na rádio Observador, Paulo Ferreira disse que este balanço negativo de Rita Júdice sobre o mandato de Lucília Gago foi “lúcido”.
O comentador salientou que “não é normal os governantes falarem de uma forma tão clara sobre os detentores de cargos judiciais, com esta clareza e transparência. Isso é um bom princípio”.
As palavras da ministra destacam-se ainda mais na área – a Justiça – em que “há mais luvas de pelica entre os vários protagonistas. É um sector altamente corporativo. Tratam-se todos por ‘senhor doutor para aqui, senhor doutor para ali’, mesmo entre colegas advogados. Parece que não saíram da idade média“.
Mesmo tendo ouvido que estava a ser “mauzinho” nesta análise, Paulo Ferreira continuou: “Senhor doutor para aqui, o colega aqui, o colega ali… Assistir a uma conversa de advogados é um recuo no tempo. É um sector onde se faz muita cerimónia a discutir os problemas no sector”.
Nesse contexto, “é saudável que a ministra da Justiça não tenha esse problema e diga o que parece ser uma evidência para toda a gente”. Até porque as explicações, a comunicação, “são uma parte importante do Estado”.
Assim, esta entrevista foi uma “janela de ar fresco”, analisa o comentador.
A Sr.ª Ministra da Justiça, Rita Mota, deve estar a confundir o Estado, a Justiça e os seus Departamentos, com um convívio em família ou entre amigos, onde aí sim as pessoas se tratam por tu porque existe confiança para isso e a situação assim o permite, esquecendo-se que o Estado ou uma empresa privada são locais de trabalho onde disciplina, urbanidade, educação, e respeito pela hierarquia são fundamentais, caso contrário, não se cumpre as funções, objectivos, e missões, com sucesso.
A Sr.ª Ministra da Justiça, Rita Mota, fica incomodada e considera o facto dos Funcionários da Justiça se tratarem entre si com educação e respeito – pois é isso que fazem as pessoas normais e adultas – como algo que não deve acontecer; posto isto, é esta ideia de reformas que pretende para o Sector da Justiça quando existem situações e actuações verdadeiramente graves para resolver?
Quer também substituir a Sr.ª Procuradora-Geral, Lucília Gago, mas como diz o Presidente Rui Rio: «…Vão escolher as pessoas com base em que perfil e em que programa?…» (https://sicnoticias.pt/pais/2024-06-21-video-sucessor-de-lucilia-gago-vao-escolher-as-pessoas-com-base-em-que-perfil–pergunta-rui-rio—-3c2f7861).
PS´s e PSD´s são uma cambada de garotada, não o que dizem, nem sabem o que fazem.