Adolfo Mesquita Nunes anuncia saída do CDS, um partido de candeias às avessas. “É em nome da liberdade”

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Decisão do antigo dirigente centrista é uma reação aos recentes acontecimentos internos, os quais resultaram no adiamento do congresso eletivo, o qual deveria colocar frente a frente Francisco Rodrigues dos Santos e Nuno Melo.

Adolfo Mesquita Nunes, um dos principais quadros do CDS, anunciou hoje a sua saída do partido, uma decisão que está diretamente relacionada com os mais recentes acontecimentos no partido. Na longa declaração que emitiu para justificar a saída, o antigo secretário de Estado do Turismo, começa por dizer que nunca pensou “pedir a desfiliação do partido” do partido em que milita há 25 anos. “Se o faço hoje, no que provavelmente é o mais difícil ato político da minha vida, é porque o partido em que me filiei, o CDS das liberdades, deixou de existir”, pode ler-se na publicação feita na página de Mesquita Nunes no Facebook.

O antigo governante aponta ainda que a saída acontece “com a convicção de que o CDS é hoje, estruturalmente, um partido distinto” daquele em que se filiou.

Ontem à noite, o Conselho Nacional do partido — que viria a terminar já de madrugada — decidiu adiar o congresso eletivo, no qual Francisco Rodrigues dos Santos (atual líder dos centristas) iria enfrentar Nuno Melo (atual eurodeputado) e decidir quem seria o rosto do partido nas próximas eleições legislativas antecipadas. Perante a mudança da data, a disputa acontecerá, estima-se, apenas depois do sufrágio nacional.

Nuno Melo questionou e contestou a realização da reunião, convocada a menos de 48 horas da sua realização, tendo levado o tema ao Conselho Nacional de Jurisdição. O órgão do partido deu-lhe razão, considerando “nula e sem qualquer efeito” a dita convocatória. Neste quadro, Mesquita Nunes vê a “confirmação de que o partido deixou de existir, com pensamento e estratégia autónoma, acertando com entusiasmo o caminho para a irrelevância, dependendo da bondade e caridade de terceiros”.

O antigo dirigente critica ainda o caminho traçado pelo partido no que respeita a assuntos fraturantes, onde denota “falta de liberdade interna e ausência de diversidade”. “Nunca me imaginei em discussões sobre se alguém do CDS pode não gostar de touradas, se pode ser vegetariano, se pode divorciar-se, se pode amar quem quiser, se pode não ser crente. Mas essas discussões vieram para ficar e dão bem conta das novas prioridades do partido“.

Adolfo Mesquita Nunes acusa ainda a atual direção centrista de intolerância perante opiniões discordantes das suas. “Abre-se a porta, sem pudor, a quem se atrever a divergir, a que ousa dizer coisas que qualquer partido de direita europeu encara com naturalidade. Diz-se, com convicção, que há muitos de nós que não devemos estar aqui, que temos de ir embora.”

Perante este cenário, que considera de “afunilamento” no partido, Adolfo Mesquita Nunes bate com a porta.

ZAP //

3 Comments

  1. Sempre me pareceu moderado demais para o CDS… ainda para mais agora, quando que o CDS se confunde com o Chega!…
    Mas não deixa de ser mais um advogado-beto-padreco…

  2. Vê-se bem o oportunismo deste tipos como Nuno Melo no CDS e o Despachante Gritante Rangel no PSD.
    Deixam os outros carregar o tempo desinteressante de dois anos do pós-eleições, para agora tentar apanhar o barco quando chegar o maré.
    Táctica bem ensaiada e com conluio dos simpatizantes todos eles oportunistas

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