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Acusações do Bloco juntam Assis e Alegre na defesa da honradez do PS

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Miguel A. Lopes / Lusa

O eurodeputado do Partido Socialista, Francisco Assis

As críticas de Catarina Martins, do BE, ao Partido Socialista, em entrevista ao Expresso, são “lamentáveis”, defendeu Francisco Assis, criticando o silêncio da direção do partido. Manuel Alegre concorda, o PS não pode ficar calado.

O eurodeputado socialista Francisco Assis considerou que as declarações de Catarina Martins são “um ataque ao carácter” do partido.

Em declarações à agência Lusa, Francisco Assis diz que são “inadmissíveis” as acusações da líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, nomeadamente quando diz, em entrevista ao Expresso, que “o PS é permeável aos grandes interesses económicos”.

Na entrevista, a líder do BE insiste na ideia de que “o PS é permeável a lóbis e isso vê-se na medida da energia, na recusa de mudar a legislação laboral e na forma como continua a proteger o setor privado da saúde, quando em que é tão necessário proteger o SNS”.

“O PS faz parte de um centro político em Portugal que ao longo dos tempos promoveu a promiscuidade entre grandes interesses económicos e a decisão política”, acrescenta Catarina Martins.

“Agora que governa apoiado à esquerda, está a frustar a enorme expetativa criada, desde logo na base do PS, de que seria capaz de colocar os interesses económicos onde devem estar e não a mandar no poder política”, conclui a líder bloquista.

Assis sai em defesa da honradez

O PS tem que defender a sua honradez”, porque é um partido “que sempre colocou o interesse público acima de qualquer interesse particular”, acrescentou o antigo líder parlamentar do PS.

Considero este ataque violentíssimo, que merece uma resposta pronta, clara e incisiva por parte da direção do PS, por uma questão de respeito e de amor-próprio”, afirmou o político.

“Nós não podemos estar reféns de qualquer parceria política ao ponto de aceitar sermos enxovalhados na praça pública sem esboçarmos a mais ligeira reação. Um partido que age assim não se está a dar ao respeito a si próprio. Isso tem consequências graves a prazo, portanto acho que neste momento é importante que alguém o faça”, afirmou.

Para Assis, o agravamento da tensão entre o PS e o BE na aprovação do Orçamento de Estado para 2018, decorre do facto de “estar esgotada” a fase do entendimento entre o PS e os partidos à sua esquerda em que se “faziam as reposições de rendimentos”.

“Agora vem ao de cima o problema insanável da maioria de esquerda – o de ser demasiado heterogénea”, considera Assis.

Convergência com Manuel Alegre

Naquilo que o DN chama uma “convergência rara”, Francisco Assis está por uma vez alinhado com o ex-candidato presidencial do PS, Manuel Alegre e eurodeputado. Divididos no apoio à geringonça, conta o jornal, os dois históricos socialistas unem-se no entanto a exigir que a direção do partido não ignore os ataques do Bloco de Esquerda.

Manuel Alegre, que ao contrário de Assis sempre defendeu uma solução à esquerda, mesmo antes de a geringonça ter acontecido, e que teve o apoio do PS e do BE na candidatura presidencial, não deixa passar em claro o ataque de Catarina Martins na entrevista ao Expresso.

Mário Cruz / Lusa

O antigo candidato presidencial do PS, Manuel Alegre

“Sou defensor da geringonça”, diz Manuel Alegre ao DN, “mas não é aceitável ter uma situação em que há dois partidos, BE e PCP, que passam a vida a dar lições de moral a um outro partido, o PS, que as recebe, calado“.

“É que este Governo não existiria se não fossem o BE e o PCP. Portanto, quer queiram quer não queiram, o BE e o PCP fizeram de facto uma coligação parlamentar com o PS“, o que torna os ataques aos socialistas vindos da sua esquerda ainda mais inaceitáveis – e carentes de resposta”, afirma o antigo candidato presidencial socialista.

Geringonça está cada vez mais coesa

Parece não haver unanimidade dentro do PS nas críticas à entrevista de Catarina Martins ao Expresso. Em entrevista à TSF, Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, diz que a maioria está cada vez mais coesa e sem sinais de desgaste.

Temos uma maioria que consegue trabalhar hoje melhor do que há dois anos, na medida em que se conhece melhor, ganhou-se confiança, métodos e procedimentos de trabalho e, por isso, hoje estamos muito mais coesos do que estávamos há dois anos”, diz o Secretário de Estado.

“E por mais que se especule com 2019, continuará assim até 2019, com cada partido a afirmar as suas diferenças. Julgo que o PCP e o BE estão a passar uma grande mensagem ao CDS: é possível estar numa maioria sem se anular e isso é um grande contributo para a democracia parlamentar.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Quem não se sente não é filho de boa gente… ora não sendo filho de boa gente, se recebeu a educação ou assimilou esta vinda dos seus progenitores, podemos estar presentes a uma nova geração de gente “menos boa”! Ouviram, nada comentaram, será o que a líder do BE afirmou é verdade?

    Mais teorias são bem vindas….

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