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O abismo está a aumentar: ser mulher sem filhos é um problema

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Falta compreensão, falta empatia, falta contexto. O fosso entre mães e mulheres sem filhos parece ser maior, hoje em dia.

– A minha filha só me dá trabalho! Mas é um amor!
– Estou a ver.
– E tu? Já foste mãe?
– Não, não.
– Ainda não?

E cria-se um momento incómodo, até confrangedor.

Sobretudo se este tipo de conversas (esta foi uma simulação) decorre entre mulheres acima dos 30/35 anos.

Há uma espécie de fosso que se cria entre mulheres da mesma idade, quando uma é mãe e a outra não – e provavelmente nunca será.

Nicola Slawson destacou este assunto no jornal The Guardian e não tem dúvidas: o abismo entre mães e mulheres sem filhos está a aumentar. Há uma falha crónica de empatia (de ambos os lados, atenção).

Nicola faz o resumo da sua própria situação: quase 30 anos, solteira. Mas sempre sonhou em ser mãe; embora tenha noção de que, provavelmente, isso nunca vai acontecer.

“Tem sido mentalmente exaustivo, e muitas vezes solitário, oscilar entre a potencial maternidade e a ideia de nunca ter filhos”, admite.

E essa exaustão aumenta porque, repete, parece que está a ser criado um abismo, e cada vez maior, entre mulheres sem filhos e mães.

Não ter filhos é um problema para uma mulher em várias vertentes: a estrutura psicológica abana; as emoções acumulam-se (não pelos melhores motivos); a pressão familiar aumenta.

E até é uma condicionante no momento de ter amigas. Não ser mãe pode afastar pessoas, acabar com amizades que pareciam ser certas. As amigas passam a ser mães, passam a ter outras rotinas, e como aquela mulher não as acompanha… fica para trás, esquecida. Doloroso.

Há mães que, aparentemente, não conseguem perceber a dor e o medo que causam na amiga que não é mãe, em determinadas conversas. No mesmo diálogo, dizem “ainda tens muito tempo” e logo a seguir contam a história de alguém que “esperou demasiado tempo e depois foi tarde demais”, já não conseguiu ser mãe.

Pelo meio, misturam ainda outra ideia: “Estás solteira, deixa-te estar. És livre, sem fantasias”.

E até as redes sociais entram nestes momentos de dor: quando a mulher sem filhos vê as publicações das amigas mães com os seus “bebés maravilhosos”.

As mentalidades evoluíram muito ao longo das últimas décadas mas uma ideia mantém-se: a maternidade “ainda é vista como o sucesso final – e muitas mulheres sem filhos sentem isso intensamente”. Inclusive a própria autora do artigo.

Mas também as mães se sentem mentalmente em baixo: perdem-se completamente na maternidade, têm tanto para fazer e decidir, entram em depressão pós-parto, ficam com consequências físicas permanentes após o parto.

Há frustração, quebras psicológicas, em diversos contextos. “A culpa é do patriarcado“, lamenta Nicola Slawson, que sublinha: o essencial é falar abertamente sobre os problemas.

ZAP //

12 Comments

  1. O verdadeiro problema é ter filhos neste país, seja para a mulher seja para o homem.
    Querem saber como se potencia a natalidade? Vejam como o fazem os governos da Austrália e da Nova Zelândia, por exemplo.

    • Porque lá ninguém quer ter filhos ou já nem sabem como fazer…. Ter filhos em Portugal é um problema? Vai para os US e vais ver quanto custa ter um filho. Só para um parto normal custa mais de 100 mil dólares.

      • Se tiveres seguro bom custa 5mil dólares. Só para dares entrada numa urgência podem de cobrar 800 sem chegares a veres o medico.

      • Então onde é que vais buscar os 100 mil dólares?!?! És mentiroso. Vivi nos EUA mais de duas décadas, meu caro. E ainda lá tenho familiares.

      • Tens razão não é 100 mil, é mais um parto natural se não tiver complicações pode chegar aos 120 mil se não tiver seguro. Deves ter bastante família lá nos 50 estados talvez para saberes os preços praticados.

      • Ronda os 10 a 15 mil. Vivi em Boston e alguns anos em Chicago. Tenho família em Chicago que já não voltará (irmã casada com americano, com filhos, professora universitária). Os preços dos partos são caros para a realidade portuguesa mas não exageradamente para o nível de vida dos EUA.

  2. Precisamos é de aprender com os bons exemplos e não contrário se como afirma for assim nos USA…

  3. Tudo aquilo que sai da norma, causa estranheza e gera hostilidade. É assim com as mulheres sem filhos, viúvas, divorciadas… Também essas são esquecidas…

  4. Mulheres sem filhos é o que mais há. A última vez que Portugal teve uma taxa de natalidade acima do limiar da substituição (2.1) foi nos anos 80.
    A grande preocupação deveria ser porque razão cada vez mais gente contribui para o suicídio civilizacional. Não para com os sentimentos das mulheres sem filhos.

  5. A culpa é do patriarcado?!?!? Como assim?

    E, em 2023, a tal Nicola nem 30 anos tem e já sente um abismo entre si e mães com filhos?
    Esta é, sem dúvida, uma não notícia.

  6. O verdadeiro problema é a sociedade misandrica que impõe a vontade ao homem!
    Pode o homem escolher ser pai ou não, assim como a mulher?!
    Claro que os golpes da barriga, colinhos e misandria falam mais alto!.. neste país feminazi!

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