A Rússia está dividida: Ora se culpa a Ucrânia; ou o Estado Islâmico; ou o próprio Kremlin

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Martial Trezzini / EPA

As opiniões sobre o atentado numa sala de espetáculos, em Moscovo, na última sexta-feira são muito diferentes. Ora se culpa quem reivindicou o ataque (Estado Islâmico); ora se culpa a Ucrânia; ora há quem diga que Putin se “pôs a jeito”.

De um lado, está quem diz que a dimensão do atentado da última sexta-feira, que provocou quase 200 mortos, é “culpa” das políticas fomentadas pelo regime de Vladimir Putin. Os opositores do Presidente temem que, depois deste episódio, as liberdades naquele país fiquem ainda mais restringidas.

Do outro lado, surgem os posicionamentos xenófobos e nacionalistas radicais crescem, havendo até quem peça a reintrodução da pena de morte para castigar os autores do ataque reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

Esta segunda-feira, pela primeira vez, Vladimir Putin admitiu que o atentado foi levado a cabo por “radicais islâmicos”. No entanto, o Presidente russo continuou a relacionar a Ucrânia com o sucedido.

“É importante responder à questão: por que motivo os terroristas, depois do seu crime, tentaram partir para a Ucrânia? Quem os esperava lá?”, perguntou Putin, acrescentando: “Sabemos quem cometeu esta atrocidade contra a Rússia e o seu povo. O que nos interessa é quem ordenou isso“.

As forças de segurança russas detiveram 11 pessoas supostamente ligadas ao ataque na sala de espetáculos Crocus, situada nos arredores de Moscovo, das quais quatro participaram pessoalmente no atentado.

Falando numa reunião com responsáveis governamentais, Putin disse que aquelas mortes foram cometidas por extremistas, “cuja ideologia o mundo islâmico tem combatido durante séculos”.

O líder do Kremlin referiu anteriormente que quatro agressores foram presos enquanto tentavam fugir para a Ucrânia, mas não mencionou a sua filiação ao Estado Islâmico.

Também os Estados Unidos e a França indicaram que o Estado Islâmico estava por detrás do ataque nos arredores de Moscovo.

Esta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recusou-se a comentar as notícias de que Washington alertou as autoridades de Moscovo, em 7 de março, sobre um possível ataque terrorista, apenas comentando que qualquer informação desse tipo é confidencial.

Suspeitos com sinais de tortura

Quatro homens, identificados na imprensa russa como cidadãos tajiques, foram acusados por um tribunal de Moscovo na noite de domingo de realizar o ataque terrorista.

Perante o tribunal, mostraram sinais de terem sido severamente espancados, e dois terão assumido a sua culpa, embora as suas condições levantassem questões sobre eventual exercício de coação.

Esta segunda-feira, a relatora da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos na Rússia, Mariana Katzarova, e o seu homólogo na luta contra o terrorismo, Ben Saul, manifestaram preocupação com a possível tortura de suspeitos do ataque terrorista nos arredores de Moscovo.

O primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Mishustin, prometeu que “os autores do atentado serão punidos” e “não merecem misericórdia”, enquanto o ex-Presidente Dmitri Medvedev, agora vice-chefe do Conselho de Segurança, instou as autoridades a “matar todos os responsáveis”, embora incorram num máximo de pena perpétua.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Daqui a uns tempos iremos ver nas notícias que os dois terroristas morreram por terem caído de uma varanda de hotel ou num acidente de ski. Quem disse que não há pena de morte na Rússia? :)))

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