O leito rochoso da Gronelândia está a elevar-se, à medida que a massa terrestre perde gelo — algo como o que acontece quando um colchão de ar se esvazia.
De acordo com um novo estudo, recentemente publicado na revista Geophysical Research Letters, a perda de gelo na Gronelândia está a provocar a elevação do leito rochoso do país.
Este fenómeno, conhecido como ajuste isostático glacial, tem sido observado desde o fim da última era glacial, há cerca de 11 700 anos.
O processo permite que o leito rochoso da Gronelândia se expanda para cima à medida que o peso do manto de gelo diminui.
Segundo um estudo publicado em 2022 na mesma revista, o manto de gelo da Gronelândia está a perder atualmente cerca de 262 gigatoneladas de massa por ano, e os glaciares periféricos contribuem para uma perda adicional de cerca de 42 gigatoneladas anuais.
“Esta perda recente de gelo, acelerada pelas alterações climáticas, está a contribuir significativamente para o movimento ascendente da massa de terra da Gronelândia”, explica Danjal Longfors Berg, investigado da Universidade Técnica da Dinamarca e corresponding author do novo estudo.
Os investigadores usaram dados recolhidos desde 2007 por 58 monitores GPS ancorados no leito rochoso da Gronelândia para medir o seu movimento vertical.
Os resultados do estudo sugerem que, em certas áreas, quase um terço do movimento vertical total da terra pode ser atribuído à perda de gelo glaciar. que se regista atualmente todos os anos.
“Compreender a ascensão do leito rochoso da Gronelândia é absolutamente crucial para medir com exatidão a perda de gelo na região e a sua contribuição para a subida global do nível do mar“, consideram os autores do estudo.
As áreas mais próximas dos maiores glaciares da Gronelândia são as que estão a sofrer a elevação mais significativa. O solo próximo do glaciar Kangerlussuaq, no sudeste do país, elevou-se cerca de 8 milímetros por ano.
Este glaciar recuou cerca de 10 quilómetros desde 1900 e tem sofrido um afinamento considerável perto do seu terminal.