Um estudo realizado por um economista da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, indicou que a escravidão humana é actualmente muito mais lucrativa do que a praticada nos séculos XVIII e XIX, que recorria a escravos do continente Africano.
Conduzido pelo norte-americano Siddharth Kara, o trabalho conclui que os actuais exploradores do trabalho escravo lucram entre 25 e 30 vezes mais do que os traficantes de pessoas dos séculos passados, num negócio anual de 130 mil milhões de euros.
Os detalhes do estudo foram publicados esta segunda-feira pelo jornal The Guardian, que se baseia no trabalho do economista para o livro Modern Slavery (Escravidão Moderna), que será publicado nos EUA em outubro.
Kara analisou dados de 51 países e compilou a sua pesquisa ao longo de 15 anos, tendo ouvido, durante o estudo, mais de 5.000 vítimas de trabalho escravo.
“A escravatura é hoje mais rentável do que poderia ter imaginado”, explicou o economista ao jornal britânico. Segundo os seus cálculos, o lucro gerado por um escravo para o seu explorador pode atinge os 3.600 euros. Quando a exploração é sexual, o lucro do explorador é 10 vezes esse valor, podendo chegar a 35 mil euros.
O montante gerado com a escravatura moderna para fins sexuais corresponde a metade do total gerado pelo crime na actualidade, embora esse tipo de exploração seja responsável por apenas 5% das vítimas de trabalho escravo no século XXI.
“A vida humana tornou-se mais descartável do que nunca. A ineficiência da resposta global à escravatura moderna permite que essa prática continue a existir. A não ser que a escravidão humana seja entendida como uma forma cara e arriscada de exploração do trabalho alheio, essa realidade nunca vai mudar”, defende Kara.
De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho, pelo menos 21 milhões de pessoas no mundo são exploradas em algum tipo de escravatura moderna, e segundo defendem alguns especialistas, os conflitos bélicos e fluxos migratórios possuem um papel importante nesse processo.
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