As cinco tempestades mais potentes registadas entre 1980 e 2021 ocorreram recentemente, com velocidades de vento que se inserem numa “classificação imaginária” de “categoria 6” – “imaginária” porque o máximo previsto é “5”.
Os furacões estão cada vez mais agressivos e a escala de Saffir-Simpson já não é suficiente para avaliar os “novos furacões”.
Na última década, cinco tempestades tropicais atingiram velocidades de vento tão elevadas que foram classificadas (de forma não oficial) como tempestades de “categoria 6” – inexistente.
A escala de furacões de Saffir-Simpson não reconhece categorias além da “5” – que abrange tempestades com ventos superiores a 252 km/h.
Contudo, o aumento da agressividade destes fenómenos tem vindo a alertar os meteorologistas para a necessidade de se rever a escala atual.
Esta ideia foi expressa num estudo, publicado esta segunda-feira na PNAS, onde se alertou também que, se as emissões de carbono continuarem aos ritmos atuais, poderemos até ver tempestades de “categoria 7”.
Os especialistas argumentam que a escala atual não reflete de forma adequada os riscos das novas tempestades: “Isto está mau e a piorar. (…) Estas tempestades continuam a ficar mais fortes à medida que o clima muda”, disse James Kossin, da First Street Foundation de Nova Iorque (EUA), citado pela New Scientist.
Os investigadores envolvidos no estudo não defendem, contudo, a adoção oficial de uma “categoria 6”; sugerem antes a revisão do sistema atual para melhor representar os riscos abrangentes colocados pelas tempestades.
O apelo à revisão da escala é sustentado por “três linhas de evidência”:
- previsões teóricas de tempestades mais fortes em climas mais quentes;
- modelos climáticos que mostram velocidades de vento mais rápidas com o aumento das temperaturas globais;
- dados históricos que mostram que os ciclones tropicais mais intensos tornaram-se mais comuns nas últimas décadas.
À New Scientist, o especialista Kerry Emanuel do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) também apoia a ideia de uma nova escala que contabilize todos os riscos associados aos furacões, não apenas a velocidade do vento.
“Embora ache que é importante reconhecer o aumento da intensidade dos furacões, também deve ser apontado que a maioria dos danos, lesões e perdas de vidas em furacões vem da água, não do vento”, sustenta.
Ainda assim, o mais importante de tudo será sempre mitigar o agravamento da situação climática do planeta. Só assim conseguiremos “segurar” os furacões.