A IA pode ter uma resposta definitiva à mutação viral. Chama-se EVEScape e previu quase todas as mutações dominantes durante a pandemia, incluindo as variantes mais populares como Ómicron e Beta.
Há uma possível chave para acabar não só com a covid-19, mas com todas as pandemias.
Avanços recentes em Inteligência Artificial (IA) despertam a esperança de um futuro onde a humanidade não é devastada por doenças infecciosas como a crise global que desde 2020 causou a morte de cerca de sete milhões de pessoas, alterou significativamente a sociedade humana e remodelou a política, as economias e os comportamentos do dia a dia.
EVEScape
Durante a pandemia mais recente, os cientistas enfrentaram a tarefa assustadora de rastrear variantes em constante mutação do vírus SARS-CoV-2, essenciais para atualizar tratamentos e vacinas.
Um dos avanços está relacionado com o EVEscape, um modelo de IA detalhado na revista Nature por cientistas da Escola de Medicina de Harvard.
Treinado com dados históricos da evolução viral, o EVEscape pode, segundo o Real Clear Science, prever como é que a mutação de vírus como o SARS-CoV-2 irá acontecer, concentrando-se em alterações na função das proteínas sob pressão do sistema imunológico.
Testando o EVEscape com a sequência genómica original do SARS-CoV-2, o modelo previu quase todas as mutações dominantes durante a pandemia, incluindo as variantes mais populares como Ómicron e Beta. O modelo continua a receber dados atualizados sobre o SARS-CoV-2 para melhorar as suas capacidades preditivas.
Além disso, a eficácia do modelo não se limita à covid-19. O modelo inteligente também prevê com sucesso mutações para outros vírus, incluindo Lassa, Nipah, influenza e HIV.
Embora tenham sido levantadas preocupações sobre os usos distópicos da IA, como a engenharia de vírus sintéticos, incluídas na recente ordem executiva do Presidente dos EUA Joe Biden, o EVEscape representa uma aplicação esperançosa e protetora da IA contra doenças infecciosas.
O impacto da IA vai além da previsão de mutações virais. Desempenha um papel fundamental na aceleração do desenvolvimento de vacinas, como foi observado com a vacina de mRNA da Moderna contra o SARS-CoV-2, desenvolvida apenas 42 dias após a publicação da sequência genómica do vírus.