A característica fascinante das pontas dos dedos encharcadas que todos nós temos

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Uma pergunta de uma criança rapidamente levou uma equipa de cientistas a uma pesquisa aprofundada, que agora culminou em novos conhecimentos sobre as pontas dos nossos dedos enrugadas pela água.

Segundo o New Atlas, esta descoberta é mais do que uma curiosidade interessante.

Em 2023, Guy German, professor de biomedicina da Universidade de Binghamton, escreveu sobre a pesquisa da sua equipa sobre o mecanismo que faz com que os nossos dedos das mãos e dos pés fiquem pálidos e enrugados após uma imersão prolongada na água.

“Quando as mãos e os pés entram em contacto com a água por mais de alguns minutos, os ductos sudoríparos da pele abrem-se, permitindo que a água flua para o tecido cutâneo”, escreveu. “Essa água adicional diminui a proporção de sal dentro da pele. As fibras nervosas enviam uma mensagem sobre os níveis mais baixos de sal ao cérebro, e o sistema nervoso autónomo responde contraindo os vasos sanguíneos”.

E, mais do que um simples efeito secundário, isto tem uma função biológica, com esta resposta à exposição prolongada à água a proporcionar uma superfície mais texturada para agarrar — seja para segurar objetos ou andar em solo escorregadio.

Mas foi uma pergunta de um jovem leitor daquele artigo de 2023 — se o efeito de enrugamento é aleatório ou sempre igual — que formou a base da hipótese por trás desta nova e fascinante descoberta publicada no Journal of the Mechanical Behavior og Biomedical Materials.

Pela primeira vez, os investigadores da Universidade de Binghamton descobriram que, quando as mãos humanas sofrem “rugas nos dedos induzidas pela água” — também conhecidas por muitos termos, como enrugamento e encharcamento —, as marcas não são aleatórias, mas tão específicas como as impressões digitais. Isto pode ser atribuído aos vasos sanguíneos que entram em ação.

“Os vasos sanguíneos não mudam muito de posição — movem-se um pouco, mas em relação a outros vasos sanguíneos, são bastante estáticos”, disse German. “Isto significa que as rugas devem-se formar da mesma maneira, e provamos que isso acontece”.

Para testar a sua teoria, os investigadores pediram a três participantes que mergulhassem as mãos em água durante 30 minutos para desencadear o WIFW e, em seguida, fotografaram as pontas dos dedos.

O mesmo processo foi repetido, pelo menos, 24 horas depois e, novamente, no dia seguinte. Quando as imagens foram analisadas, a equipa descobriu que a “topografia” das rugas era essencialmente idêntica. Embora seja um estudo pequeno, a uniformidade morfológica foi consistente em cada indivíduo.

A descoberta tem potencial no mundo real, como auxiliar na identificação em cenas de crime e no desenvolvimento de diferentes tipos de sensores biométricos, mas também demonstra o poder da investigação na pesquisa científica.

“A biometria e as impressões digitais estão incorporadas no meu cérebro”, disse. “Sempre penso sobre este tipo de coisa, porque é fascinante“.

Naturalmente, pode testar essas descobertas nas suas próprias mãos. No entanto, se tiver algum tipo de lesão no nervo mediano que vai do ombro até à mão, talvez não tenha sorte.

“Ouvimos dizer que não se formam rugas em pessoas com lesões no nervo mediano dos dedos”, disse German. “Um dos meus alunos disse-nos que tem “lesões no nervo mediano dos dedos”. Então, testámo-lo e não tinha rugas”.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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