No ano passado,um astrónomo chamou a atenção da comunidade científica ao afirmar que uma das estrelas observadas pelo Kepler podia conter mega-estruturas extraterrestres à sua volta – um estranho caso que acabou de ficar ainda mais estranho ao excluir-se, recentemente, uma nuvem de cometas do conjunto de possíveis razões.
Conhecida como KIC 8462852, a estrela tem desconcertado os astrónomos nos últimos meses depois de uma equipa de investigadores notar que as grandes quedas na curva da sua luz não faziam sentido no contexto dos planetas. As explicações variaram desde uma nuvem de cometas que orbitam até mega-estruturas alienígenas.
Os primeiros sinais desse exotismo espacial vieram do telescópio espacial Kepler – o “caça-planetas” da NASA -, que observou essa região do céu continuamente entre 2009 e 2013.
A maioria das estrelas que albergam planetas têm quebras de luminosidade pequenas e regulares quando os seus planetas passam à sua frente. No entanto, a KIC 8462852 piscou erraticamente ao longo destes quatro anos – um comportamento estelar bastante incomum, e que não pode ser explicado pelo trânsito de um planeta.
Alguns astrónomos propuseram que a KIC 84628532 poderia estar no meio de um enxame de cometas, mas o astrónomo Jason Wright, da universidade Penn State, sugeriu que a estranha distorção da estrela poderia ser resultado de um projeto de construção gigante alienígena – algo como uma esfera de Dyson.
Infelizmente, duas pesquisas independentes que poderiam indicar uma sociedade tecnológica, por sinais de rádio e feixes de laser, não deram em nada.
Agora, uma análise de observações históricas revelou que a estrela escureceu cerca de 20% ao longo do século passado. De acordo com um estudo lançado no arXiv, a hipótese do cometa também não bate com os dados, e o mistério da KIC 84628532 aprofundou-se consideravelmente.
O astrónomo Bradley Schaefer, da Universidade do Estado de Louisiana, decidiu observar placas fotográficas do céu datadas do fim do século XIX. Para sua surpresa, Schaefer descobriu que ao longo dos últimos 100 anos a emissão de luz da estrela caiu constantemente cerca de 19% – algo que é “completamente sem precedentes para qualquer estrela tipo F”.
“Isto apresenta alguns problemas para a hipótese dos cometas“, disse à New Scientist Tabetha Boyahian, investigadora da equipa que descobriu a estrela. “Precisamos de mais dados através de observação contínua para descobrir o que está a acontecer”.
ZAP