O auto-denominado The Impact Team, grupo de piratas informáticos que atacou o site de relacionamentos extra-conjugais AshleyMadison.com, divulgou online os dados de registo de 32 milhões de utilizadores do site. Por todo o lado, não param de surgir análises e revelações acerca dos dados que caíram na rede.
Segundo a Wired, os dados incluem milhões de transações monetárias, endereços de correio eletrónico e números de telefone de pessoas registadas no ‘site’, conhecido pelo seu slogan “A vida é curta, tenha um caso“.
“Os dados publicados aparentam ser verdadeiros, e contêm nomes de utilizadores, palavras-passe, dados de cartões de crédito, moradas, nomes completos, e muito, muito mais”, revelou Dave Kennedy, da firma de segurança TrustedSec, citado pela AFP.
Segundo o investigador independente Graham Cluley, a fuga de dados poderá ser catastrófica para os utilizadores.
“Algumas pessoas estarão vulneráveis a chantagens, se não quiserem que pormenores da sua participação ou das suas inclinações sexuais se tornem públicas”, afirmou.
Porém, o especialista notou que um ‘email’ na base de dados do ‘Ashley Madison’ “não significa nada”, porque o ‘site’ “nunca se preocupou em verificar os endereços de fornecidos pelos utilizadores”.
Governantes apanhados. São Paulo é a cidade que mais trai
Depois da divulgação dos dados, não param de surgir breakdowns e revelações baseadas nos ficheiros que caíram na internet.
Segundo o Dadaviz, há 1405 registos com endereços de email no domínio .gov.us. Nesta lista, o Brasil aparece em segundo lugar, com 918 utilizadores que se identificaram com emails do governo brasileiro.
Portugal aparece em 19º lugar na lista. 4 utilizadores do site usaram emails .gov.pt para se registar no serviço.
Um outro breakdown da Dadaviz analisa quais são as cidades do mundo onde há mais utilizadores registados.
São Paulo é a grande campeã mundial da “facadinha”, aparecendo isolada no primeiro lugar da lista das 25 Cidades com Mais Contas na Ashley Madison, com 374.542 utilizadores registados.
Nova Iorque está em segundo lugar (268.171) e Sydney completa o podium, com 251.813 utilizadores.
Rio de Janeiro e Brasília aparecem em 11º e 20º lugar, respectivamente.
Práticas comerciais fraudulentas
A publicação acontece cerca de um mês depois do roubo dos dados por hackers, identificados como “Impact Team”, que tentaram forçar a empresa que detém o site a apagá-lo “imediatamente e permanentemente”.
O grupo ameaçou divulgar os dados dos utilizadores, fotografias comprometedoras e conversas se a Avid Life Media, baseada em Toronto, no Canadá, não o eliminasse.
Quando a empresa não apagou o endereço, os ‘hackers’ cumpriram a ameaça, publicando 9,7 gigabytes de dados na ‘dark web’, uma Internet paralela e anónima apenas acessível com navegadores específicos.
“Explicámos a fraude, a impostura e a estupidez da ALM e dos seus membros”, escreveu o grupo numa mensagem publicada com os dados.
Moralidade e chantagem
Em comunicado, a Avid Life Media afirmou estar “a monitorizar ativamente e a investigar a situação, para determinar a validade de qualquer informação publicada online” e a tentar remover “qualquer informação publicada ilegalmente”.
“É uma ação ilegal contra os membros individuais do AshleyMadison.com, bem como contra todos os livres-pensadores que escolhem participar em atividades ‘online’ totalmente legais”, afirmou a empresa, acrescentando que a divulgação dos dados “não é um ato de ativismo, é um ato criminoso”.
A empresa criticou a posição moral aparentemente defendida pelos ‘hackers’.
“O criminoso, ou criminosos, envolvidos neste ato autodesignaram-se os juízes morais, jurados, e executores, considerando adequado impor uma noção moral individual sobre a sociedade inteira”, afirmou a ALM.
Uma investigação está a ser conduzida em conjunto pela Real Polícia Montada Canadiana, pela Polícia Provincial do Ontario, pelo Serviço de Polícia de Toronto e pelo norte-americano Federal Bureau of Investigation (FBI).
ZAP / Lusa