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Descoberto em Goa arsenal da era portuguesa — com balas de canhão e estábulo de elefantes

Archaeological Survey of India

Balas de canhão da era portuguesa descobertas junto à Basílica do Bom Jesus, em Goa

A descoberta de balas de canhão durante trabalhos de escavação num sítio arqueológico em Goa revelou um arsenal da era portuguesa, onde eram cunhadas moedas e construídos navios de guerra.

Um relatório enviado pelo Instituto Arqueológico da Índia (ASI) ao Departamento de Turismo do país asiático revela ter sido descoberto em Goa, próximo da Basílica do Bom Jesus, um arsenal da era portuguesa.

Segundo o relatório, o local não era apenas utilizado para armazenar armas, mas fazia parte de um complexo defensivo mais vasto, que incluía uma fundição de armas, um estábulo de elefantes, uma casa da moeda, e um estaleiro naval.

Segundo o documento, “armamento europeu e equipamento naval eram armazenados ou fabricados no local”.

O arsenal foi encontrado na sequência de escavações realizadas no local após a descoberta de balas de canhão, diz o The Indian Express.

Citando autores e historiadores da história marítima e colonial portuguesa, o relatório conclui que o local da descoberta das balas de canhão coincidia com a localização de um arsenal identificado em relatos históricos ao longo dos anos.

“Esta área do arsenal situa-se no interior das muralhas da cidade de Velha Goa, que foi a capital do Estado Português da Índia“, afirma o relatório.

“O perfil arqueológico desta área é marcado pela presença de balas de canhão de vários tamanhos, pesos, materiais, além de vários tipos de fragmentos de cerâmica e porcelana de tradições cerâmicas distintas”, acrescenta o relatório.

Segundo o documento, Afonso de Albuquerque, que liderou a conquista portuguesa de Goa no início do século XVI, iniciou o desenvolvimento do complexo militar, “e a sua grandeza foi documentada por viajantes europeus“.

Fontes citadas no relatório sugerem que o arsenal pode ter precedido a conquista portuguesa e existido durante o período Adil Shahi, o que implica seria já um edifício proeminente mesmo antes da chegada de Albuquerque.

“Quando Albuquerque entrou em Goa, encontrou no cais 40 navios grandes, 26 bergantins, numerosas fustas e outros materiais relacionados com a guerra”, afirma o relatório.

O arsenal foi posteriormente reconstruído. “Por volta de 1540, havia cerca de 700 trabalhadores no local, e o arsenal atingiu o seu auge no final do século XVI“, lê-se no documento.

O relatório afirma que o navegador francês François Pyrard de Laval, durante a sua visita, em 1608, descreveu-o como “bem fortificado e equipado com salas construídas em pedra para reduzirem os riscos de incêndio”.

No dia 9 de junho de 1753 deflagrou um grande incêndio, que danificou parte do edifício. “O arsenal foi renovado e expandido em 1773. No entanto, com o declínio da influência portuguesa, o arsenal perdeu a sua importância e foi encerrado em 1856″, acrescenta o relatório.

“O arsenal era supostamente um recinto murado dentro de uma cidade murada. Considerando a importância da fundição de armas e da casa da moeda, era rigorosamente guardado pelos portugueses, e apenas pessoal autorizado que trabalhava no local tinha permissão para entrar”, diz um guia turístico que conduz visitas guiadas em Goa, citado pelo The Indian Express.

Para lançar um ataque a navios inimigos ou tropas armadas, os portugueses, na época, usavam balas de canhão de pedra, uma vez que se fragmentavam em pedaços no impacto e causavam mais danos, em oposição às balas de canhão de metal”, acrescenta o guia.

Os canhões portugueses eram tipicamente menores em tamanho e podiam ser montados em navios ou terra. Em contrapartida, o seu alcance era limitado. Estes canhões eram supostamente construídos neste arsenal”, conclui o guia.

ZAP //

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