Nuno da Câmara Pereira está a ser investigado, juntamente com outros herdeiros, por uma alegada fraude no registo de um imóvel valioso em Lisboa.
O fadista e político Nuno da Câmara Pereira está a ser investigado pelo Ministério Público (MP) por suspeitas de envolvimento numa burla relacionada com a herança da condessa de Tarouca, Eugénia Teles da Silva, reporta o Correio da Manhã.
A investigação, conduzida pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, centra-se numa escritura de justificação notarial que permitiu a Câmara Pereira e outros cinco herdeiros registarem um valioso imóvel em Lisboa nos seus nomes, alegadamente em prejuízo dos restantes 71 herdeiros.
A denúncia partiu de 25 herdeiros que acusam Nuno da Câmara Pereira, os seus irmãos Maria Francisca, Maria da Conceição e Luís Gonzaga Pacheco, além de Mariana Telles da Silva Homem de Melo, de terem feito falsas declarações perante um notário ao afirmarem que o prédio, conhecido como Salão Lisboa, lhes foi atribuído por usucapião, com base numa suposta partilha verbal realizada em 1994 — algo que os queixosos garantem nunca ter acontecido.
A escritura, assinada em julho de 2024, permitiu aos seis herdeiros o registo do imóvel nas Finanças e na Conservatória do Registo Predial. Segundo a queixa, a herança permanece indivisa, e os signatários da escritura agiram de má-fé para se apropriarem do imóvel, localizado na Rua da Mouraria, no Martim Moniz, com 481 m². Três testemunhas que validaram os factos estão também sob investigação.
O Salão Lisboa, outrora um popular “cinema piolho” lisboeta inaugurado em 1915, foi registado em nome da condessa em 1893. O imóvel encontra-se em disputa há anos, tendo mesmo sido alvo de obras coercivas impostas pela Câmara Municipal de Lisboa em 2016, financiadas com contribuições dos herdeiros.
A revelação surge num momento em que Nuno da Câmara Pereira, ex-presidente do Partido Popular Monárquico, é candidato do Chega à Câmara de Belmonte nas eleições autárquicas de 2025.
Os herdeiros queixosos já avançaram com uma impugnação da escritura e um processo cautelar no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa. A Procuradoria-Geral da República ainda não confirmou se há arguidos constituídos no âmbito do inquérito.
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