Os relógios são uma grande dor de cabeça na Lua

O tempo é diferente na Lua — só não sabemos como passar isso para um relógio. Mas é urgente que o façamos. Para a NASA, há um tempo limite para criar um novo tempo: dezembro deste ano.

Na superfície lunar, um único dia terrestre seria cerca de 56 microssegundos mais curto do que no nosso planeta, explica a CNN. Parece pouco, mas a longo prazo pode desregular por completo toda a noção de tempo.

É por isso que, agora, os cientistas tentam criar uma espécie de “fuso horário lunar” — toda uma nova escala de tempo que obedeça às leis da Lua.

O governo norte-americano está preocupado com esta medição, que ainda não foi encontrada. Por isso, deu à NASA um prazo: têm até 31 de dezembro para criar este fuso horário lunar, e até 2026 para o aplicar.

“Quando se estiver a navegar em relação à Lua, o tempo tem de ser relativo à Lua”, diz Cheryl Gramling, líder da posição lunar, navegação, cronometragem e padrões no Centro de Voo Espacial Goddard da NASA.

Cada vez mais, tentamos que os relógios sejam exatos. O cientista Bruce Betts brinca: “Maldito seja Einstein — ele inventou a relatividade geral e dela resultaram muitas coisas estranhas. Uma delas é que a gravidade abranda o tempo”. E tem razão: graças ao inconfundível Albert Einstein, temos a noção de que a gravidade afeta o tempo.

Para contabilizar os efeitos da relatividade geral na Terra, os cientistas já instalaram algumas centenas de relógios atómicos em vários lugares do mundo, para detetar as minúsculas diferenças entre eles.

“Se pesquisou o tempo na Terra, apercebeu-se de que é um fator crítico para tudo: a economia, a segurança alimentar, o comércio, a comunidade financeira e até a exploração de petróleo. Usam-se relógios precisos”, diz o gestor de programas do Programa de Comunicações e Navegação Espaciais da NASA, Kevin Coggins. “Está presente em tudo o que é importante na sociedade moderna”.

Na Lua, coma presença cada vez mais intensa do homem, esta medição temporal também se torna, portanto, essencial.

Uma exceção é a Estação Espacial Internacional. Embora orbite a Terra322 quilómetros acima da superfície, viaja muito rápido, a uma velocidade média de 27 700 km/h, completando 15,70 órbitas por dia, o que acaba por anular quase completamente os efeitos da relatividade — os astronautas desta Estação podem, portanto, seguir-se pelo horários terrestre.

As naves espaciais, por exemplo, estão equipadas com os seus próprios relógios, chamados osciladores, conta Gramling.

a maior parte das nossas operações para as naves espaciais — mesmo as que estão em Plutão ou na Cintura de Kuiper, como a New Horizons — dependem de estações terrestres que estão na Terra. Por isso, tudo o que estão a fazer tem de estar correlacionado com o UTC (Tempo Universal Coordenado)”.

Mas é necessário criar um tempo lunar, e não apenas continuarmos a guiar-nos pelo terrestre, explicam os investigadores. “Temos de resolver tudo isto“, diz Gramling. “Acho que ainda não sabemos como. Penso que será uma amálgama de várias coisas diferentes”.

O projeto pode, no entanto, custar milhões de dólares. de a confusão ainda é muita: “A NASA está a falar em aterrar astronautas na interessante região do polo sul da Lua, onde existem áreas permanentemente iluminadas e permanentemente sombreadas. Por isso, há todo um outro tipo de confusão”, recorda a especialista.

“Vai ser um desafio”, conclui, mas já se fala em fazer o mesmo, por exemplo, em Marte. É tudo uma questão de Tempo.

ZAP //

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