O nosso Sistema Solar já passou por uma zona rica em poeira. E um isótopo radioativo pode trazer-nos informação com milhões de anos, essencial para compreendermos a evolução das espécies no lago mais profundo de África.
Entre o Burundi, a República Democrática do Congo e a Tanzania fica o Lago Tanganica, com mais de 600 km de extensão e o mais profundo do continente africano. Contém 16% de toda a água doce disponível no mundo.
Agora, um novo estudo da Universidade da Califórnia publicado na Astrophysical Journal of Letter sugere que uma explosão de uma supernova há entre dois e três milhões de anos pode ter desempenhado um papel fundamental na diversificação dos vírus que infetam os peixes desta região.
De acordo com a LBV, a radiação emitida por esta catástrofe estelar terá sido suficientemente intensa para induzir mutações em organismos terrestres, incluindo os vírus do lago Tanganica.
Os investigadores detetaram a presença de ferro-60, um isótopo radioativo gerado por explosões estelares, em sedimentos oceânicos.
“O ferro-60 nos permite seguir a atividade de supernovas passadas. Estamos convencidos de que uma delas ocorreu durante esse período”, contam os investigadores.
Através da reconstrução dos movimentos dos corpos celestes, os cientistas descobriram que o nosso sistema solar já passou por uma zona rica em poeira há cerca de 6,5 milhões de anos, o que explica a presença do ferro mais antigo.
“É fascinante descobrir como acontecimentos astronómicos distantes podem ter influenciado a vida na Terra e a habitabilidade do planeta”, comenta a autora principal, Caitlyn Nojiri.
A equipa de investigação encontrou uma correlação temporal entre a supernova e um aumento significativo da diversidade de vírus nos peixes do Lago Tanganica.
A autora explica ainda que “sabemos, com base em investigações anteriores, que a radiação pode danificar o ADN, o que poderia ter acelerado as alterações evolutivas ou as mutações nas células”.