Rodrigo Antunes / Lusa
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa
43.º veto: Presidente da República duvida da transparência do processo e da capacidade de aplicação do novo mapa.
O Presidente da República vetou o decreto do parlamento que desagrega 135 uniões de freguesias, repondo 302 destas autarquias locais, colocando dúvidas sobre a transparência do processo e a capacidade de aplicação do novo mapa.
Segundo uma nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa questiona “a capacidade para aplicar as consequências do novo mapa já às eleições autárquicas de setembro ou outubro deste ano, daqui a pouco mais de seis meses” e afirma que esta foi a questão “decisiva” para o seu veto.
O chefe de Estado aponta “a falta de compreensão ou transparência pública do processo legislativo” e considera que a desagregação de freguesias determinada por este decreto — subscrito por PSD, PS, BE, PCP, Livre e PAN, que teve votos contra da IL e a abstenção do Chega — é “contraditória com a linha dominante, inspirada pelas instituições europeias”.
Na sua opinião, e numa longa explicação, o processo legislativo tem “avanços e recuos, as suas contradições, as hesitações e sucessivas posições partidárias, a inclusão e a exclusão de freguesias, e, sobretudo, o respeito rigoroso dos requisitos técnico-legais a preencher”.
“Assim, o Presidente da República solicita à Assembleia da República que pondere, uma vez mais, a praticabilidade da aplicação do mencionado diploma no horizonte deste ano eleitoral de 2025″, lê-se na nota.
Mensagem ao Parlamento
Na mensagem dirigida à Assembleia da República sobre este veto, também publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa realça que o parlamento pode confirmar o decreto aprovado em 17 de janeiro.
“Compete à Assembleia da República se tal o entender, reafirmar a sua vontade. Assim confirmando aos portugueses que se não tratou de solução ditada por razões ou conveniências conjunturais, antes exprime o resultado de uma longa e serena ponderação, que ditou a inclusão de umas e a exclusão de outras freguesias, numa linha de não só reverter uma política de fundo de 2013, como substituí-la por outra melhor para Portugal”, afirma.
Nessa mensagem, começa por referir que esta desagregação implica “uma reversão — para alguns um grave retrocesso –, num caminho de reordenamento e de racionalização do poder local, assim questionando a essência da reforma de 2013″.
Esta revisão “cobre apenas menos de um terço das agregações de 2013 e não toca nas entidades supramunicipais” e foi apoiada por uma maioria “muito mais representativa do que a de 2013, só se opondo um partido — a Iniciativa Liberal”, assinala.
“Mais ainda — os partidos defensores de caminho oposto, em 2011 e em 2013, subscreveram e votaram a nova solução”, acrescenta.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, “quanto à evolução das posições partidárias, não é possível transformar o juízo subjacente à promulgação em escrutínio daquilo que vai sendo a conversão de discordâncias em voto favorável ou abstenção finais”.
O chefe de Estado argumenta também que, “quanto à análise, freguesia a freguesia, do rigor do cumprimento dos requisitos técnico-legais, é impossível no prazo da promulgação ou veto, aceder o Presidente da República a esse manancial de dados”.
“Não seria politicamente e, em especial, legalmente honesto, formular um juízo perentório, positivo ou negativo, sem conhecimento de dados necessariamente numerosos e complexos. Tudo em vinte dias”, defende.
Sobre “a da capacidade para aplicar as consequências do novo mapa já às eleições de setembro ou outubro deste ano”, argumenta que, “é verdade que o prazo que dista da eleição é superior a seis meses”, mas “a complexidade da instalação, e resolução dos problemas emergentes é variável de freguesias para freguesias desagregadas e pode ser mesmo, aqui e ali, muito complexo”.
“Por isso, e não por qualquer fetichismo de datas, em matérias como esta — e isso já aconteceu com matéria mais simples, em 2021 –, considerei desejável evitar alterações legislativas em ano eleitoral“, justifica.
Marcelo Rebelo de Sousa distingue este caso de alterações legais “apenas facilitar a mobilidade no voto” ou “paridade e voto em Braille”.
“Na reinstalação, que o mesmo é dizer, recriação de autarquia local, a minha preocupação com a concretização é maior. Razão esta, e única, para devolver o presente Decreto à Assembleia da República”, conclui.
O chefe de Estado ressalva que tomou esta decisão “não por questionar a vontade das populações, a legitimidade parlamentar para reversões, a começar nos partidos antes adeptos do revertido, nem por ter matéria de facto disponível para contradizer a aplicação dos requisitos técnico-legais das desagregações”.
“Apenas por imperativo de consciência quanto à capacidade para executar a nova lei, sem subsequentes questões de direito — ou de facto — patrimoniais, financeiras, administrativas ou outras, resultantes do tempo disponível”, contrapõe.
Como sublinha o Diário de Notícias, esta é o 43.º veto aplicado por Marcelo Rebelo de Sousa, desde que se tornou presidente da República em 2016.
“Choque”
O presidente da Associação Nacional de Freguesias (Anafre), Jorge Veloso, disse esta quinta-feira estar perplexo e chocado com esta decisão do Presidente da República; considera que prejudica autarcas e populações.
“Estou perplexo com esta atitude do Senhor Presidente da República. A primeira ideia que me vem a cabeça é perplexidade com esta tomada de decisão do Presidente da República. E porquê? Porque ainda há um mês o Senhor Presidente falou para comunicação social quando começaram a ser levantadas algumas hipóteses de veto (…) e disse que nunca lhe passaria pela cabeça essa situação porque ele próprio tinha promulgado esta lei que permitiu que houvesse a desagregação”, disse à agência Lusa Jorge Veloso.
“O que nos choca ainda mais é que em abril de 2024, o Presidente da República contemplou a Anafre com a Ordem da Liberdade (…). Essa Ordem não foi para a Anafre em si, mas para os seus autarcas. Passado nem um ano, o Senhor Presidente da República tem uma atitude que nos choca. O que está aqui em causa é que o Presidente tem uma posição que é contra os autarcas, contra as suas populações e contra todo o trabalho que os deputados tiveram na Assembleia da República e para nós isso é chocante“, disse.
(artigo atualizado)
ZAP // Lusa
Nunca houve qualquer separação de Freguesias mas sim um esquema montado para algumas Freguesias serem desagregadas por questões eleitorais e votos.
É preciso reverter a reorganização administrativa do território das Freguesias efectuada em 2013 pelo XIXº Governo liberal/maçónico do ex-Primeiro-Ministro, Pedro Coelho, concretizada através da «lei Relvas» redigida pelo ex-Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, que teve como objectivo promover o centralismo e criar um domínio Estatal absoluto sobre as Freguesias, ao mesmo tempo que destruía o seu funcionamento, as suas Identidades, e por conseguinte os Portugueses naturais das mesmas.
A reorganização administrativa do território das Freguesias efectuada em 2013 pelo XIXº Governo liberal/maçónico, é um dos vários crimes de lesa-Pátria cometidos pelo ex-Primeiro-Ministro Pedro Coelho.
Ainda bem que o Sr. Presidente vetou.
Desagregar freguesias é criar mais poleiros partidarios!