Tutti-Frutti “é muita fruta” para o PSD, mas autarcas continuam em funções, apesar de serem acusados no caso que fez esta semana 60 arguidos, suspeitos de mais de 460 crimes.
A investigação da Operação Tutti-Frutti fez 60 arguidos esta terça-feira, entre os quais vários autarcas e dirigentes do PSD, mas não resultou, até ao momento, na suspensão dos cargos autárquicos dos acusados.
Apesar da direção do partido liderada por Luís Montenegro ter exigido a saída dos deputados envolvidos através do líder parlamentar Hugo Soares — nomeadamente Luís Newton, que já suspendeu o mandato, e Carlos Eduardo Reis (que o deverá fazer em breve, quando voltar de férias —, os autarcas manter-se-ão nos seus postos.
“Creio que as condições imediatas para o exercício do mandato não estão reunidas e espero que o senhor deputado Carlos Eduardo Reis possa também ele suspender o seu mandato”, disse o líder parlamentar Hugo Soares depois de Newton o fazer. Mas salientou que os deputados do PSD acusados não eram arguidos nas legislativas de 2024.
Os presidentes das juntas de freguesia da Estrela, Areeiro e Santo António (Newton), bem como o vereador da Câmara Municipal de Barcelos (Carlos Reis) continuarão a desempenhar funções. Apoiado por Reis, Newton argumenta, ao Observador, que “encabeçaram uma lista para a qual foram eleitos pelo povo” e que “os eleitores já conheciam muitos dos factos [acusações] quando os elegeram na última vez [em 2021]”.
Luís Newton, apesar de ter suspendido o mandato como deputado, continua a exercer outras três funções de relevo: presidente da Junta de Freguesia da Estrela, líder da bancada municipal do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa e presidente da concelhia do PSD/Lisboa. Mesmo sob pressão da justiça, tem marcado presença nos recentes eventos políticos.
Carlos Eduardo Reis, acusado de 22 crimes esta semana, incluindo corrupção ativa, tráfico de influência e branqueamento de capitais, deverá suspender o mandato de deputado, mas não abdicará da função de vereador da Câmara Municipal de Barcelos, onde detém pelouros importantes como Planeamento e Gestão Urbanística. A sua saída da Assembleia da República está a ser negociada para evitar conflito direto com a direção do PSD.
As empresas de Carlos Reis terão garantido vários contratos com juntas de freguesia em troca de pagamentos, incluindo um aluguer mensal de um Mercedes, e os serviços prestados pelas suas firmas foram considerados fictícios pelo Ministério Público.
Luís Newton enfrenta 10 acusações, cinco por corrupção passiva e cinco por prevaricação. Terá contratado serviços para beneficiar contactos pessoais e partidários. Um dos casos envolve um contrato de jardinagem por 132 mil euros a uma empresa ligada ao PSD, que subcontratou outra entidade para efetuar o serviço por menos da metade do valor. Newton terá ainda recebido contrapartidas monetárias e uma viagem financiada pela Huawei.
Enquanto a saída de deputados acusados foi exigida de imediato, a situação dos autarcas não foi alvo da mesma pressão política. Um ex-dirigente do PSD-Lisboa descreveu o cenário como um “Titanic”.
“Parece o Titanic, a banda continua a tocar e eles continuam como se nada se passasse“, disse ao Observador.
Operação Tutti Frutti
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Faz o que eu digo.
Não faças o que eu faço!
O PSD já tinha mostrado o caminho no caso do artista Albuquerque. ..
Estavam à espera de quê…?!
Et vogue le navire!
Ah! Ah! Ah!