Os anéis azuis encontrados nos caules das plantas lenhosas representam anos em que as células não lignificaram adequadamente por causa dos verões muito frios.
Quando o clima é frio, até as árvores lutam para crescer. Uma nova investigação, levada a cabo pela Universidade Adam Mickiewicz, na Polónia, concluiu que, se não tiverem um certo número de dias quentes nas suas estações de crescimento, as paredes celulares destas plantas não lignificam adequadamente, o que faz com que surjam anéis azuis.
Como as árvores vivem durante centenas de anos, identificar estes anéis permite aos cientistas identificar os verões mais frios do passado. Foi exatamente isso que a equipa da universidade polaca fez, ao observar pinheiros e arbustos de zimbro do norte da Noruega.
Segundo o EurekAlert, os especialistas identificaram dois verões extremamente frios em 1902 e 1877, possivelmente causados pelas erupções do Monte Pelée, na ilha de Martinica, e Cotopaxi, no Equador.
A análise detalhada das amostras permitiu descobrir que as células que não se lignificaram adequadamente foram encontradas no final dos anéis de crescimento. Os anéis azuis eram mais frequentes nas amostras de 1902 – 96% dos pinheiros e 68% dos arbustos de zimbro – seguidos por 1877 – 84% dos pinheiros e 36% dos arbustos de zimbro.
Os pinheiros parecem ser mais vulneráveis à formação de anéis azuis do que os arbustos, o que pode significar que são mais sensíveis a verões frios.
“Os anéis azuis têm o potencial de enfraquecer a árvore, tornando-a mais suscetível a danos mecânicos ou doenças”, explicou o Pawel Matulewski, da Universidade Adam Mickiewicz. “Se esse fenómeno persistir durante vários anos, pode impedir a recuperação da planta nos anos seguintes.”
Outros estudos já haviam ligado os anéis azuis a eventos climáticos globais, como o arrefecimento após grandes erupções vulcânicas.
O junho frio de 1902 pode estar relacionado com a erupção do Monte Pelée, que aconteceu no mês de maio. Já a erupção do Cotopaxi, no final de junho, pode ser a razão que explica o frio de agosto de 1877, ainda que não haja provas registadas do arrefecimento no norte da Noruega após esta erupção.
Isto sugere que, neste caso, os anéis azuis podem ter outra causa por trás, ainda não identificada.
O artigo científico com as descobertas foi publicado na Frontiers in Plant Science.