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Mulher arguida, o motorista e meio milhão em notas no Novo Banco: Brandão era “muito bem avaliado”

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TIago Petinga / Lusa

Carlos Brandão, ex-administrador do Novo Banco.

Mulher de Carlos Brandão é a segunda arguida, a par do ex-administrador do Novo Banco, suspeito de lavar dinheiro na Guiné-Bissau. Motorista, a mando do gestor, terá depositado várias malas de dinheiro em vários bancos portugueses.

A investigação em torno de Carlos Brandão, que até à manhã desta terça-feira era administrador do Novo Banco, é já esta quarta-feira uma longa história de suspeitas de sacos de dinheiro vivo, “reuniões secretas” na Guiné-Bissau, transações imobiliárias e ligações a investidores de Angola.

Esta quarta-feira sabe-se já que o segundo arguido no inquérito do Departamento Central de Investigação e Ação Penal é a sua mulher. Ambos são suspeitos de terem branqueado cerca de 500 mil euros com origem ainda por determinar, avança o Observador, depois de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter anunciado que o ex-administrador do Novo Banco, altamente respeitado no setor, é suspeito de crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e falsificação.

A investigação teve início com a colaboração do motorista de Carlos Brandão, que lhe terá sido atribuído pelo Novo Banco e que terá recebido ordens diretas do gestor para depositar vários sacos de dinheiro — no Novo Banco e noutros bancos portugueses.

O departamento de compliance do Novo Banco identificou que grande parte dos fundos foi depositada em contas do próprio administrador. O montante total de depósitos terá rondado, avança o Observador, os 500 mil euros em dinheiro vivo.

Alega-se que o motorista, que terá agido por ordem de Brandão sem o questionar, desconhecia a origem ilícita do dinheiro.

A denúncia, que remete ao verão de 2024, fala em “operações financeiras suspeitas” e já referia a colaboração do motorista. O Novo Banco também terá denunciado outros negócios envolvendo Carlos Brandão e a sua mulher, como operações imobiliárias.

“Reuniões secretas” na Guiné-Bissau

A investigação conduzida pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ revelou uma rede de ligações suspeitas: Carlos Brandão estaria envolvido em negociações com um membro do governo da Guiné-Bissau e investidores angolanos.

Reuniões descritas como “secretas” foram monitorizadas pelas autoridades, que suspeitam de branqueamento de capitais.

A origem dos fundos permanece incerta. Existem indícios que apontam para a Guiné-Bissau e Angola, mais especificamente uma plataforma giratória com recurso a diferentes testas de ferro, alegadamente engendrada por Carlos Brandão, escreve a CNN Portugal.

As investigações continuam. Em busca de provas, foram realizadas buscas às residências de Brandão, ao seu escritório no Novo Banco e outros locais.

Novo Banco manteve Brandão em funções

Alegadamente para evitar interferências e garantir a confidencialidade da investigação, o Novo Banco — que garantiu desde cedo que as operações não estão relacionadas nem envolvem, “de forma alguma”, a instituição e, por isso, “não têm qualquer impacto nos clientes — manteve Carlos Brandão nas funções de administrador meses após a denúncia.

Agora, segundo o Expresso, o Novo Banco pode obrigar o seu ex-administrador investigado a devolver prémios de centenas de milhares de euros.

Carlos Brandão foi demitido, mas não enfrentará um processo de reavaliação de idoneidade, uma vez que deixou o cargo, e tem agora a carreira na banca em risco.

“Nunca me passou pela cabeça”

Mark Bourke, presidente do Novo Banco, reconhece que Brandão deixou o banco numa situação “altamente indesejável”. Colegas e conhecidos de Brandão estão “atónitos” com o escândalo.

Nunca me passou pela cabeça que o administrador responsável pelo risco, o mais exigente e cuidadoso possível, pudesse, ainda que na esfera de negócios pessoais, praticar uma ilegalidade que deve ter contornos criminais para ter sido comunicada à PGR”, disse fonte ouvida pelo ECO, sobre aquele que também atuou como porta-voz na Comissão de Inquérito ao Novo Banco, defendendo as decisões da instituição durante a polémica das injeções de capital.

Carlos Brandão tinha um histórico profissional respeitado, com experiência no Santander Totta, Barclays e Bankinter antes de ingressar no Novo Banco, em 2017.

“É um tipo que ‘foi Santander’, fez o seu percurso com máximo rigor e profissionalismo”, aponta uma das fontes do jornal. “Sempre esteve muito bem avaliado dentro da indústria”, diz outra fonte do setor.

Tomás Guimarães, ZAP //

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