“Vassalagem”. Deputados do PS contra Guterres por causa de Putin

EPA/Chris J. Ratcliffe

António Guterres

Há deputados socialistas “indignados” com o socialista António Guterres depois da sua visita à Rússia, onde se encontrou com Vladimir Putin. Fala-se em “vassalagem” ao Presidente russo.

O deputado socialista Sérgio Sousa Pinto votou a favor de protestos contra o secretário-geral da ONU, António Guterres, que foram apresentados no Parlamento por CDS e Iniciativa Liberal (IL).

Em causa está a ida de Guterres à cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que decorreu na cidade russa de Kazan, onde também se encontrou com Putin.

Nos protestos apresentados na Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, os votos de protesto de CDS e IL foram chumbados com a abstenção do PSD e votos contra de quase toda a bancada do PS – Sérgio Sousa Pinto foi a excepção, votando a favor ao lado de CDS, IL e Chega.

Mas há outros deputados do PS que estão “indignados” com Guterres, como adianta o jornal Nascer do Sol na sua edição impressa desta quinta-feira, acusando-o de “vassalagem” a Putin.

“Afronta à causa ucraniana”

No voto de protesto no Parlamento, a IL defende que a participação de Guterres na cimeira dos BRICS foi “profundamente errada e lesiva da credibilidade das Nações Unidas”.

O partido acusa ainda o secretário-geral da ONU de ajudar Putin a “reforçar a sua narrativa antiocidental” e de “consolidar alianças com países que, em vários graus, se têm mostrado relutantes em condenar a agressão russa”.

Além disso, fala de “uma afronta à causa ucraniana” que considera ainda mais grave por Guterres não ter participado numa iniciativa pela paz promovida pela Ucrânia.

Já o voto de protesto do CDS refere a “perplexidade e incompreensão” com a actuação de Guterres, considerando que esta “mina a confiança das nações e dos povos nas Nações Unidas como instituição capaz de ser uma voz imparcial e defensora intransigente dos valores de paz, segurança e direitos humanos”.